Dia Mundial do Teatro reflete sobre desafios sociais e ambientais

A mensagem do Dia Mundial do Teatro é este ano assinada pelo encenador grego Theodoros Terzopoulos, que reflete sobre o papel do teatro no mundo atual, questionando se esta arte conseguirá responder aos desafios sociais e ambientais.

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Lusa
07/03/2025 12:41 ‧ há 2 dias por Lusa

Cultura

Dia Mundial Teatro

A mensagem do Dia Mundial do Teatro 2025 foi divulgada hoje e traduzida para português pelo Teatro do Noroeste -- Centro Dramático de Viana, em colaboração com o Instituto Internacional de Teatro (ITI) da UNESCO.

 

Iniciado em 1961 pelo ITI, o Dia Mundial do Teatro é comemorado anualmente no dia 27 de março, tendo a primeira mensagem sido escrita por Jean Cocteau em 1962.

A cada ano, uma figura de relevo internacional do panorama teatral é convidada a compartilhar uma reflexão partindo do mote "Uma Cultura de Paz", que é depois traduzida para mais de 50 idiomas e lida para dezenas de milhares de espectadores antes de apresentações em teatros de todo o mundo, assim como publicada em centenas de jornais e mais de 100 estações de rádio e televisão.

O encenador grego questiona o futuro das artes do espetáculo perante os desafios atuais e reflete sobre a forma como o teatro pode ser um espaço de resistência contra a alienação digital e a manipulação política, além de um laboratório de coexistência entre diferenças culturais.

"Poderá o teatro ouvir o pedido de SOS que os nossos tempos estão a enviar, num mundo de cidadãos empobrecidos, fechados em células de realidade virtual, entrincheirados na sua privacidade sufocante?"; "Poderá o teatro tornar-se parte ativa do ecossistema?"; "Podem os holofotes do teatro lançar luz sobre o trauma social, e parar de se iluminar a si mesmo de forma enganadora?", questiona Theodoros Terzopoulos.

Por outro lado, o encenador alerta que "o teatro acompanha o impacto humano no planeta há muitos anos, mas está com dificuldades em lidar com este problema", questionando se "estará o teatro preocupado com a condição humana tal como está a ser moldada no século XXI, em que o cidadão é manipulado por interesses políticos e económicos, redes de comunicação social e empresas fazedoras de opinião?".

"Onde as redes sociais, por mais que a facilitem, são o grande álibi da comunicação, porque proporcionam a necessária distância segura do Outro? Uma sensação generalizada de medo do Outro, do diferente, do Estranho, domina os nossos pensamentos e ações. Pode o teatro funcionar como laboratório para a coexistência de diferenças, sem levar em conta o trauma sangrento?", acrescenta.

Citando o dramaturgo e escritor alemão Heiner Muller, a propósito do poder do Mito, o encenador aborda ainda a necessidade de novas narrativas que promovam memória e responsabilidade moral e política.

"Precisamos de novas formas narrativas destinadas a cultivar a memória e a moldar uma nova responsabilidade moral e política que emerja da ditadura multiforme da atual Idade Média", salienta.

Theodoros Terzopoulos é um encenador e pedagogo com uma carreira iniciada em 1967 e detentor de diversos prémios internacionais, incluindo o Prémio Lorca (Espanha, 1986), Prémio Stanislavski de Melhor Encenação (Rússia, 1993), Prémio Honorário de Teatro (Turquia, 2006), Prémio de Melhor Encenação (Festival das Nações, Seul, 1994), Prémio Internacional de Teatro Yuri Lyubimov (2020), Estrela da Calçada da Fama de Sibiu (Sibiu, Roménia, 2024), e Grande Prémio de Teatro da Associação Helénica de Críticos de Teatro e Artes Cénicas (Grécia, 2024).

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