No rescaldo das acusações de plágio que pendem sobre a obra ‘Provoc’, de Bordalo II, a equipa do artista plástico reforçou, em declarações ao Notícias ao Minuto, que "as obras são indiscutivelmente diferentes", ao mesmo tempo que salientou que "o objetivo desta intervenção é alertar para o problema da habitação". É que, recorde-se, Artur Bordalo foi criticado porque teria, alegadamente, copiado uma artista que, em 2023, criou o projeto ‘Lisbonopoly: O Jogo da Crise Habitacional’.
"As obras são indiscutivelmente diferentes, ambas tendo como ponto de partida um jogo mundialmente conhecido, que já serviu como inspiração a diversos artistas ao longo dos anos", apontou a equipa, num esclarecimento ao Notícias ao Minuto.
A representação do artista sublinhou ainda que "o objetivo desta intervenção é alertar para o problema da habitação, sendo que a verdadeira questão é mesmo esta problemática".
Anteriormente, a mesma fonte já tinha assinalado ao Notícias ao Minuto que "esta obra de Bordalo é uma réplica fiel em grande escala e tridimensional do jogo original, construída com materiais reutilizados - como é habitual no seu trabalho - o que a torna distinta no conceito, forma e execução de qualquer outra interpretação do mesmo jogo".
Em causa estão as acusações que vieram à tona logo após a divulgação da instalação na Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa, que davam conta das semelhanças entre as obras de Bordalo II e de Mafalda, mais conhecida como Fartadaa. O projeto ‘Lisbonopoly: O Jogo da Crise Habitacional’ foi apresentado na associação Prisma Estúdio, em 2023, propondo-se a lançar "luz sobre a crise habitacional em Lisboa através de uma adaptação satírica do jogo Monopólio". Nessa linha, os internautas não pouparam críticas a Artur Bordalo, que acusaram "de copiar à cara podre outra artista portuguesa".
Em declarações ao Notícias ao Minuto, Fartadaa salientou que, na sua ótica, a reação da equipa do artista plástico às acusações de plágio "é profundamente hipócrita".
"O que me leva a voltar ao tema é a forma como tudo se desenrolou e, especialmente, a maneira como a equipa do Bordalo reagiu às acusações de plágio. Publicamente, ele afirma que a inspiração foi o trabalho do Banksy em 2011, e nega semelhanças entre os dois trabalhos. No entanto, quando o confrontei em privado, a primeira coisa que me respondeu foi: 'Foi boa inspiração.' Isto, para mim, é profundamente hipócrita", lamentou.
Mafalda considerou ainda que "inspiração é uma coisa", mas reconhecer o seu trabalho, "afirmar que não o vai replicar, sair um projeto semelhante e depois negar qualquer semelhança ou influência, isso é outra, e é, no mínimo, incoerente".
"A questão está em ele ter reconhecido e elogiado o meu projeto na altura, inclusive comentando numa publicação minha, e em privado ter dito que não faria nada semelhante por respeito. Dois anos depois, aparece com uma peça numa escala muito maior, e quando o confrontei de forma respeitosa, apenas porque achei que merecia um aviso prévio, a atitude dele mudou completamente. Falou-me como se estivesse acima de mim, menosprezando o reconhecimento que me tinha dado anteriormente", disse.
Recorde-se ainda que ‘Provoc’ terá também danificado a calçada portuguesa no local, segundo a Câmara Municipal de Lisboa (CML), que procedeu à sua remoção na passada sexta-feira.
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