O início da aventura de Martín Anselmi - chegou no dia 27 de janeiro - no comando técnico do FC Porto não tem deixado os adeptos portistas particularmente satisfeitos, quer com as exibições, quer com os resultados. Na I Liga, o treinador argentino, de 34 anos, não consegue obter uma sequência de vitórias, tendo sofrido, no sábado, a primeira derrota (0-1) a nível interno, na deslocação ao terreno do Sporting de Braga, em jogo da 25.ª jornada.
Em Braga, o sistema tático do 3x4x3 evidenciou a demora em consolidar processos. Privada dos criativos Fábio Vieira, suspenso, Rodrigo Mora e Pepê, estes lesionados, a equipa demonstrou uma clara desinspiração para ultrapassar o bloco defensivo dos bracarenses: o coletivo azul e branco não fez uma remate enquadrado à baliza na segunda parte.
Os resultados tardam em aparecer e já há quem tema que o terceiro lugar, partilhado, neste momento, com o Sporting de Braga, esteja em risco. Em conversa exclusiva com o Desporto ao Minuto, Jorge Amaral, que representou os dragões na década de 80, analisou o jogo com o Sporting de Braga, demonstrando a sua preocupação com a falta de evolução da equipa.
"Foi um mau jogo do FC Porto. Mais do que as palavras, as estatísticas da partida são preocupantes. Num jogo importante, a equipa não conseguiu exercer a sua autoridade e o seu estatuto. Foi sofrível a exibição. Não consigo entender este 3x4x3, não temos jogadores para este sistema, para a ideia de jogo do treinador", começou por referir o antigo guarda-redes, apontando o dedo a Martín Anselmi
"As substituições na segunda parte não tiveram efeito e a equipa perdeu-se. Não senti organização e foi cada um por si. Não se pode exigir mais aos jogadores, porque eles dão o que têm, embora seja curto numa instituição como o FC Porto", prosseguiu Jorge Amaral, lembrando o passado mais recente do clube.
"A falta de qualidade é evidente. Atualmente, há jogadores em campo que com o Sérgio Conceição ficariam na bancada ou que iriam ajudar a equipa B, que bem precisa, neste momento, na II Liga [16.º e antepenúltimo lugar]. Danny Namaso, Francisco Moura, Gonçalo Borges, Deniz Gul, Nehuen Perez, têm hoje papeis interventivos na equipa, o que explica bem a situação do clube, com todo o respeito pelos atletas", ressaltou o ex-jogador.
"A vitória na Supertaça [4-3 ante o Sporting] foi puro engano, iludiu os adeptos e a verdade veio com o tempo. Lembro de uma frase do presidente André Villas-Boas, que caracterizava o futebol de Vítor Bruno de mais bola no pé e não tanto de intensidade, agressividade e coração como do Sérgio. Com o Anselmi, não há bola no pé, nem coração, é um futebol de uma equipa perdida", frisou.
Já sem as competições europeias e com apenas os jogos do campeonato pela frente, o agora comentador faz uma apelo à direção.
"Há 48 anos, que o FC Porto não termina o campeonato fora dos três primeiros lugares. Esta tem sido uma temporada de recordes negativos e nem quero pensar nisso. Seria muitíssimo mau para história do FC Porto, que irá, certamente, para o terceiro ano consecutivo sem alcançar o título de campeão. Nos nove jogos que falta, peço que a direção, com o presidente André Villas-Boas e o Jorge Costa, diretor para o futebol à cabeça, agarre 'o touro pelos cornos' e sejam mais interventivos junto da equipa, de forma a minimizar o prejuízo do que não foi ganho e do que foi prometido. A culpa é de toda a gente, dos jogadores a quem dirige, a culpa não morre solteira", completou o antigo guarda-redes dos dragões.
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