Anselmi questionado: "Mal do treinador que se deixa influenciar..."

Em entrevista exclusiva concedida ao Desporto ao Minuto, Rui Quinta, que foi treinador-adjunto no FC Porto, considera que o argentino não deverá mudar as ideias táticas e adaptar-se ao grupo de trabalho que tem, mas sim ajudar os jogadores a que entendam as mesmas.

ESTORIL, PORTUGAL - MARCH 30: Porto Head Coach Martim Rodrigo Anselmi looks on prior to the Liga Portugal Betclic match between GD Estoril Praia and FC Porto at Estádio António Coimbra da Mota on March 30, 2025 in Estoril, Portugal. (Photo by Maciej Rogow

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Rodrigo Querido
04/06/2025 07:28 ‧ há 2 dias por Rodrigo Querido

Desporto

Exclusivo

Sem tempo para descansar, fruto da participação no Campeonato do Mundo de Clubes, que arranca dentro de dias nos Estados Unidos, o FC Porto já iniciou os jogos particulares e venceu, no passado sábado, o Wydad Casablanca.

 

Mas a exibição dos azuis e brancos, em Marrocos, não convenceu a maioria dos adeptos. Samu Aghehowa marcou o único golo, num encontro em que os dragões pareceram presos de movimentos e ainda longe da forma ideal. Nas redes sociais, muito se criticou a prestação da equipa, nomeadamente, na segunda parte, e houve até quem insistisse na ideia de que Martín Anselmi deveria deixar cair a aposta no esquema de três centrais e voltasse à base que a equipa demonstrou nos tempos de Vítor Bruno.

Perante este cenário, o Desporto ao Minuto decidiu partir para a conversa com Rui Quinta, que chegou a ser treinador-adjunto no FC Porto. Questionado sobre se o argentino deveria ou não esquecer esta sua ideia tática e mudar o esquema com que os portistas se apresentam em campo, o técnico, de 64 anos, sublinhou que se deve manter fiel aos seus princípios e ajudar os seus jogadores a entender os mesmos.

"Eu percebo que as pessoas olhem e falem, mas quem é treinador tem de saber lidar com isso. Como treinador, eu sinto é que as coisas têm de ser sempre construídas segundo as nossas percepções, as nossas ideias, as nossas crenças. O que o treinador do FC Porto tem transmitido é que tem tido uma coerência em relação àquilo que são as suas ideias e à forma como quer que elas sejam, no fundo, defendidas pelos jogadores. Umas vezes, isso consegue-se com menos tempo, outras vezes, consegue-se com mais tempo. E, se calhar, é por causa disso que ele foi contratado, porque as pessoas acreditaram nas ideias que ele lhes apresentou. Tem demonstrado uma confiança muito grande nas suas ideias e tem procurado que os seus jogadores, no fundo, se alinhem com essas ideias. A forma de o fazer é colocando as coisas nos treinos, para que os jogadores se vão relacionando uns com os outros, orientados por essa ideia. O que é que contribui para que as coisas sejam mais rápidas, em termos de tempo? É, seguramente, os resultados", começou por dizer Rui Quinta.

"Os resultados, acontecendo, as coisas vão sendo mais facilmente adquiridas pelos jogadores, os seus níveis emocionais também são importantes, e os jogadores passam também a acreditar que aquilo que lhes está a ser proposto é importante também para o seu desempenho. As coisas são sempre dentro desta dimensão. Agora, eu não acredito que o treinador vá a fazer coisas, ou vá a treinar coisas, ou pôr a equipa a jogar de forma que ele não acredita, não domina e não gosta. O trabalho do treinador é ajustar os jogadores àquilo que quer que eles sejam capazes de fazer. Essa é a arte de todos os treinadores", frisou.

Com uma pré-temporada toda pela frente ainda, e com o Mundial de Clubes pelo meio, Rui Quinta frisa que, mais cedo ou mais tarde, os jogadores vão conseguir colocar em prática da melhor maneira aquelas que são as ideias pensadas por Anselmi.

"Não tenho dúvidas nenhumas de que a equipa e os jogadores vão acabar por jogar da forma que o treinador pretende. E isso, volto a dizer, é sempre determinado pelo rumo dos acontecimentos, ou seja, pelos resultados que se vão conseguir. Mal do treinador que se deixa influenciar pelas opiniões do que anda à volta dele. Acho que é um mau princípio. O treinador tem de ser fiel, no fundo, às suas convicções, às suas ideias. E tem de encontrar forma de, junto dos jogadores, conseguir ajudá-los a que eles defendam a ideia como se ela fosse a ideia de todos. Ou seja, que o desempenho dos jogadores se ajuste à ideia de jogar da equipa. No fundo, que cada jogador consiga dar o seu melhor em prol do jogar que a equipa pretende que se jogue. Esse é o desafio de um treinador", ressalvou.

Quinta recordou que Martín Anselmi chegou a meio da temporada passada ao FC Porto e que mudou muito do que vinha a ser feito, referindo que as coisas podem melhorar esta época e com mais semanas limpas de trabalho em cima.

"O treinador chegou à meia da época, trouxe desafios novos. É evidente que, sempre que se mudam ideias, há um tempo de adaptação. Podemos fazer isso no início de uma época. É um espaço de tempo que contempla essa possibilidade. Fazer isso na meia da época é sempre muito complicado. Podem acontecer uma de duas coisas. As coisas podem alinhar-se e começar a funcionar, ou as coisas podem não se alinhar logo e demorarem a acontecer. No FC Porto, aconteceu esta última situação. As coisas não se alinharam logo da maneira que as pessoas pretendiam e os resultados não foram os esperados", salientou Rui Quinta, prevendo que vai acontecer nos próximos tempos.

"Agora, é o momento de refletir, de perceber o que é que se tem à disposição e continuar, no fundo, a trilhar o caminho que o treinador entende que é o melhor para a equipa. O que é que os jogadores têm de fazer? Têm de perceber o que é que é importante quando se está a defender, quando se está a atacar, quando se perde a bola, quando se ganha a bola. Isso é muito importante e é isso que, normalmente, os treinadores devem fazer para que os jogadores se identifiquem com o lugar que ele pretende. Isso é construído nos treinos, num contexto de emotividade grande, em que os treinos sejam competitivos, em que os jogadores, no fundo, criaram um contexto idêntico ao da competição, para que mais facilmente possam assimilar essas ideias", sustentou o técnico de 64 anos.

"Uma coisa é ter a forma como queres que a bola saia da própria baliza, da própria área, para chegar aos atacantes. No fundo, é criar essas condições para a equipa se posicionar quando não tem a bola, quando perde a bola, quando ganha a bola ou quando tem a bola. O treinador foi contratado pelas suas ideias. Pelas ideias que, seguramente, as pessoas o identificaram. E eu não acredito que ele vá mudar. Dificilmente acredito que ele vá mudar a sua essência de montar a equipa, de pôr a equipa a jogar da forma como ele quer", finalizou.

Leia Também: Samu 'fatura' em Marrocos e FC Porto vence de olho no Mundial de Clubes

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