A Assembleia Geral ordinária do Benfica, este sábado, ficou marcada pelo chumbo do orçamento, com números expressivos, bem como pela garantia de Rui Costa em cumprir o mandato, apesar dos pedidos de demissão que se fizeram sentir no Pavilhão Nº2 da Luz.
O cenário de eleições antecipadas foi prontamente afastado pela direção encarnada, levando José Pereira da Costa, presidente da mesa da AG do Benfica, a agendar as eleições para os órgãos sociais do clube para o próximo dia 25 de outubro.
O ponto único da ordem de trabalhos da reunião magna prendia-se às decisões em torno do "orçamento ordinário de exploração, o orçamento de investimentos e o plano de atividades" estabelecidos pela direção para a época 2025/26, mas as quase seis horas de duração - entre as 9h00 e as 14h40 - deram conta de um clima 'quentinho', com trocas de acusações, sendo Rui Costa o principal visado.
Rui Costa deu o mote e os candidatos reagiram
O presidente do Benfica começou por ser protagonista de um longo discurso, onde passou a 'pente fino' o que de bom e de mau se passou no clube da Luz nos últimos tempos, acabando por adiar o anúncio da sua eventual recandidatura para depois do Mundial de Clubes, que decorre nos Estados Unidos da América, entre 14 de junho e 13 de julho. Isso foi algo que, desde logo, inviabilizou o pedido de antecipação das eleições por parte de candidatos já conhecidos como João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho.
"Pese embora tenhamos lutado por todas as competições internas até ao fim, não atingimos os objetivos que pretendíamos. Vencemos somente a Taça da Liga, o que, como já disse, não nos satisfaz. Queremos mais e exigimos mais de nós próprios", foi uma das declarações mais marcantes do atual líder máximo dos encarnados.
Entre assobios e pedidos de demissão, os sócios tiveram ainda oportunidade de ouvir o que os candidatos tinham para dizer, sendo que João Diogo Manteigas - que chegou à AG acompanhado por Martim Mayer - foi dos primeiros a intervir, exigindo mais transparência à direção do Benfica, para além de algumas dicas em torno de como deverá decorrer o processo eleitoral.
Já João Noronha Lopes, à entrada para o reunião magna, apontou a um "espírito de grande fervor, mas também de grande tranquilidade e de respeito entre todos os sócios", enquanto Cristóvão Carvalho tratou de dar conta do "descontentamento" dos sócios num clubes que "não está habituado a tanto tempo sem ganhar".
Nuno Lobo, antigo presidente da Associação de Futebol de Lisboa, também marcou presença na AG e, após os pedidos de demissão dirigidos a Rui Costa, ainda viu o presidente justificar o motivo pelo qual não apoiou a sua candidatura à liderança da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). "O Benfica apoiou um projeto alheio ao seu, que considerava melhor para o futebol português", esclareceu Rui Costa.
Orçamento caiu com valor expressivo
Já depois do discurso de Mauro Xavier, apontado como um potencial candidato à presidência do Benfica, em que 'arrasou' o plano da atual direção, o orçamento viria mesmo a ser chumbado, de forma expressiva, com 73,80% dos votos, num documento em que se previa um resultado positivo a rondar os 5,5 milhões de euros, sendo fortemente aplaudido na sua intervenção.
Apesar da vontade, Martim Mayer e Mauro Xavier ainda não avançaram formalmente com uma candidatura às próximas eleições do Benfica, explicando as dúvidas em torno da decisão aos sócios. Pelo meio, por via as redes sociais, o empresário César Boaventura expressou a sua posição sobre o chumbo do orçamento, defendendo que o Benfica é dos sócios e não do presidente.
Contrariamente a João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas ainda quis voltar a intervir, pedindo mesmo que o Benfica retirasse a confiança depositada, publicamente, em Pedro Proença, novo presidente da FPF, numa AG que terminaria com a 'estocada' final de Rui Costa. Sem aceder a qualquer pedido de demissão, o líder máximo dos encarnados apontou à legitimidade de concluir o seu mandato, mas não se livrou de nova 'onda' de assobios e gritos de demissão.
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