Dia 8 de junho de 2025, dia de uma nova página de história escrita pela seleção nacional. Portugal voltou a arrecadar a Liga das Nações, este domingo, ao vergar a vizinha Espanha (2-2, 5-3 após grandes penalidades), em Munique, naquela que foi a terceira conquista da história, em menos de uma década.
Aquele provérbio 'não há duas sem três' aplica-se perfeitamente a Cristiano Ronaldo, o único 'sobrevivente' da seleção das quinas que, depois daquele doloroso Campeonato da Europa de 2004, viajou das conquistas do Euro'2016 até às Ligas das Nações de 2019 e 2025. Contribuiu muito para todas elas, mas para esta precisou da magia de... Nuno Mendes.
Nem se pode dizer que a equipa liderada por Roberto Martínez tenha entrado mal no duelo ibérico, só que o poderio de Espanha veio ao de cima, traduzido no golo inaugural de Martim Zubimendi (21'). A resposta, essa, apareceu praticamente logo a seguir, com Nuno Mendes (26') a 'inventar' um lance na grande área contrária e a empatar a final.
À beira do intervalo, Mikel Oyarzabal (45') foi o autor de um golpe duro para os lusos, inviabilizando qualquer tipo de reação imediata. Seria uma questão de tempo. Cristiano Ronaldo aproveitou o 'show' do defesa que venceu a Liga dos Campeões pelo PSG e, aos 61 minutos, marcou pelo segundo jogo consecutivo ao rubricar o seu 938.º golo, 'empurrando' o jogo para o prolongamento - não sem antes ser fortemente ovacionado quando foi substituído, por queixas físicas.
Durante esses 30 minutos, Portugal até surgiu algo 'atrevido' em certos momentos, mas as decisões aconteceram no desempate por penáltis. Diogo Costa quis ser tão protagonista como Nuno Mendes e CR7, defendendo um remate de Álvaro Morata, precisamente antes de Rúben Neves apontar o 5-3 final. Estava completada a 'vingança' da eliminação nas 'meias' do Euro'2012, aos pés dos espanhóis, também nos penáltis.
Do célebre 10 de julho de 2016, passando pelo 'caseiro' 9 de junho de 2019, ao também marcante 8 de junho de 2024, a seleção portuguesa mostrou ao mundo o motivo pelo qual é considerada uma das melhores de sempre. E isto não vai - nem pode - ficar por aqui...
Vamos então às notas da partida:
Figura
Nuno Mendes não rima com génio, mas combina na perfeição. Embalado pela conquista da Champions (ao lado de João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos), o lateral-esquerdo fez o que quis no seu corredor, ao ponto de 'sentar' Lamine Yamal. O ex-Sporting mostrou que Portugal tinha uma palavra a dizer na final, com o golo do empate, seguindo-se a assistência para CR7, figurando como o melhor jogador da partida.. e da final four.
Surpresa
Cristiano Ronaldo até pode ter estado algo desaparecido no primeiro tempo, mas apareceu quando mais foi preciso. 'Surpreendendo' os críticos (ou talvez não), o avançado do Al Nassr não desistiu daquela bola 'caprichosa' de Nuno Mendes e, tal como nas 'meias', desenhou outro golo 'made in Sporting'. Sem forças para jogar o prolongamento, CR7 foi substituído (88') e até saiu aplaudido pelos adversários.
Desilusão
Óscar Mingueza rendeu Pedro Porro no onze inicial de Espanha, mas não teve a mesma profundidade que Marc Cucurella assumiu no corredor contrário. O lateral-direito do Celta acumulou vários duelos falhados e perdas de posse de bola, mas nem por isso deixou de transitar para o prolongamento. Ao fim de três minutos, já estava a ser substituído, precisamente, pelo compatriota ex-Sporting.
Treinadores
Roberto Martínez 'ateimou' em colocar João Neves na lateral-direita, mas desta vez lançou Vitinha e Francisco Conceição diretamente para o onze. As correções voltaram a ser feitas no balneário, em tempo de intervalo, sendo que as mexidas ao longo do segundo tempo deram força a Portugal para continuar dentro do jogo. Desta vez, a sorte na lotaria dos penáltis sorriu à seleção nacional, premiada pela crença e união.
Luis de la Fuente também fez duas mexidas na equipa inicial de Espanha, porém, contrariamente ao seu adversário, quis manter o onze intacto durante grande parte do jogo, de tal forma que só deu arranque à ronda de substituições a partir do minuto 75. Houve critério e ponderação, mas a tal supremacia esteve longe de ser palavra de ordem, pelo que o desfecho também acabou por ser mais 'traiçoeiro'.
Árbitro
Sandro Scharer não teve uma noite fácil em Munique e prova disso é que teve de esperar pacientemente pela validação do VAR em três dos quatro golos. Se no caso do primeiro festejo de Portugal, as linhas de fora de jogo 'espelham' a regularidade do lance, o mesmo não se pode dizer dos golos de Espanha, um pelo aparente fora de jogo posicional de Oyarzabal e outro por uma falta sobre Bernardo Silva no início da jogada.
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