Cristóvão Carvalho confessou que a decisão de avançar para a candidatura a presidente do Benfica já foi tomada há cerca de dois anos e, em entrevista ao jornal A Bola, publicada na edição impressa deste domingo, acabou por comparar Rui Costa a Luís Filipe Vieira, ex-presidente, tendo ainda admitido que Bruno Lage não se enquadra no perfil de treinador que pretende, caso seja eleito.

"O Benfica precisa de mim. Sinto neste momento que o Benfica precisa de mim. Tenho sido benfiquista anónimo, como milhares de benfiquistas anónimos, que torcemos, que sofremos pelo Benfica, que entregamos tudo ao Benfica. E quando o Benfica me pediu, eu disse ‘estou aqui’. Senti, até por parte de muitos outros que junto de mim, durante estes anos, foram falando e discutindo o Benfica, que poderia encabeçar um projeto fundamental para o futuro do Benfica. É preciso criar um novo Benfica. E aqui estou para liderar esse projeto, para apresentá-lo aos sócios, para que com ele possamos levar novamente o Benfica ao topo", começou por dizer.

"A decisão de avançar para a liderança do Benfica está tomada há cerca de dois anos, tenho um grupo de trabalho e estamos, obviamente, a estudar o Benfica. Ninguém se candidata ao Benfica em pouco tempo. Tivemos um mandato de Luís Filipe Vieira que durou 18 anos. Consigo identificar um estilo que marcou dentro do Benfica, a obra que fez dentro do Benfica. É um facto, depois teve um final que não correspondeu à grandeza do Benfica. E consigo olhar para o presidente Rui Costa na sequência de um plano de Luís Filipe Vieira. E, contrariamente às expectativas que se criaram nos sócios, não rompeu com o estilo de gestão que existia e que já estava em fim de ciclo. Portanto, do mandato de Luís Filipe Vieira para Rui Costa temos um estilo de gestão muito idêntico, a que chamo o Benfica antigo, o velho Benfica, que agora se esgotou. Temos de criar um novo Benfica, com um modelo completamente diferente, disruptivo, adaptado à nova realidade e às melhores práticas dos clubes mundiais vencedores", vincou de seguida.

"O meu projeto está praticamente definido, quer a nível desportivo, quer a nível financeiro. E será um projeto significativamente diferente de tudo o que temos até agora. No momento próprio irei apresentá-lo. O futebol do Benfica tem de ser totalmente profissionalizado, tal como o resto da estrutura. E o Benfica tem de apontar a títulos europeus. A nossa visão tem de ser para cima, títulos europeus. Nessa perspetiva, temos de ter um treinador top cinco. Um treinador que tenha jogado Champions com frequência, que tenha estado nos 'quartos', nas 'meias' e na final, que tenha ganho uma final. Essa é a característica de um treinador para o Benfica. E temos de ter um projeto, com jogadores da nossa formação e com jogadores de qualidade, para podermos rapidamente chegar a uma final e a um título europeu. O Benfica tem de ter um treinador à altura da sua história e ambição. Quando for eleito irei falar com Bruno Lage e a situação será avaliada nessa altura. Ainda temos um Mundial de Clubes pela frente, onde espero que o Benfica tenha sucesso. Mas o Benfica tem de ter um treinador de top mundial. E Bruno Lage não se enquadra nesse perfil. Não será o meu treinador. Digo-o claramente, enquanto os outros candidatos", assinalou ainda.

"É com tristeza no coração, como benfiquista, que digo isto: foi, obviamente, uma época absolutamente falhada. O Benfica não cumpriu os mínimos dos mínimos, mas não foi só nesta época. Nas últimas quatro épocas, na gestão do atual presidente, o Benfica teve resultados absolutamente pífios. Ganhámos duas taças [Supertaça e Taça da Liga] e um título de campeão em quatro anos. E sabe quanto é que o Benfica gastou em quatro anos para ter estes títulos? Vou dizer. E nunca vi ninguém fazer estas contas.  O Benfica gastou 1,1 mil milhões de euros. Mais de mil milhões. Para ganhamos o quê? Um campeonato e duas taças. Este Benfica já não serve, vamos criar um novo. E estou seguro que tenho as soluções, as pessoas e o projeto para dar a volta", rematou o candidato a presidente do Benfica.

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