Primeiro o Banco de Portugal (BdP), agora o Tribunal de Contas (TdC): ambas as instituições decidiram abandonar a rede social X (antigo Twitter) e deixar de lá publicar conteúdos. Afinal, o que se passa?
Na terça-feira foi noticiado que o BdP decidiu deixar de publicar conteúdos na rede social X e vai criar uma conta institucional na rede social BlueSky.
"No âmbito da reavaliação da sua estratégia para as redes sociais, o Banco de Portugal decidiu deixar de publicar conteúdos no X, mantendo como arquivo a sua conta nesta plataforma", explica a instituição liderada por Mário Centeno. "Em paralelo, foi decidido criar uma conta institucional na rede social Bluesky", acrescenta a mesma fonte.
O BlueSky é uma plataforma alternativa que se assume como uma rede social independente.
Na quarta-feira, o TdC revelou que decidiu deixar de utilizar as redes sociais Facebook e X (ex-Twitter) por terem sido "violadoras da legislação nacional e da legislação da União Europeia".
Estas plataformas "têm-se revelado em inúmeras situações violadoras da legislação nacional e da legislação da União Europeia, tendo sido mesmo sancionadas por violação de direitos fundamentais, designadamente por incumprimento da legislação de proteção de dados e da proteção dos consumidores", lê-se num despacho do TdC a que a Lusa teve acesso.
"A plataforma X abandonou a verificação de conteúdos, o que resultou na proliferação de discursos de ódio, sendo patente a utilização desta plataforma para promover a desinformação", destaca o organismo.
Já o Facebook "anunciou o fim da verificação das publicações, comummente designado por fact-check, e da moderação de discursos de ódio, legitimando-se desse modo a publicação de conteúdos discriminatórios, com o que formalizou a estratégia de desconsideração do regime jurídico da União Europeia, designadamente do Regulamento dos Serviços Digitais".
Tendo em conta estas situações, o TdC afirma que não pode "ser veículo para uso de plataformas que não cumprem o direito da União", pelo que "deixa de utilizar estas redes sociais para interagir com os cidadãos e com as entidades".
A instituição vai agora passar a "privilegiar a comunicação através do seu sítio institucional".
E lá fora?
O diário francês Le Monde anunciou em janeiro que iria deixar de publicar conteúdos no X (antigo Twitter), detido pelo milionário Elon Musk, que comprou a rede em 2022, juntando-se a outros meios de comunicação franceses (Ouest France, Sud Ouest, Mediapart, La Voix du Nord) ou estrangeiros (The Guardian, La Vanguardia), que já deixaram de publicar naquela plataforma nos últimos meses.
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