Com uma possível crise política à vista, o que acontece a dossiês como o do Novo Banco, o da TAP ou até o do novo aeroporto? O cenário é incerto, mas há projetos que podem ficar atrasados. Vamos por partes.
Air France-KLM mantém interesse na TAP e apela a "estabilidade"
A Air France-KLM já assegurou que mesmo que a privatização da TAP seja adiada devido à crise política em Portugal mantém o interesse, mas pediu definição e estabilidade o mais rápido possível.
"O facto de poder haver um atraso de seis ou 12 meses não me parece algo material, mas gostaríamos de ter visibilidade [definição do processo] o mais rapidamente possível", referiu Ben Smith, presidente executivo (CEO) do grupo na conferência de imprensa no âmbito da apresentação dos resultados de 2024, na quinta-feira.
O responsável garantiu ainda que estão a acompanhar a situação em Portugal e esperam que "haja estabilidade" para poderem avançar com o processo.
Novo Banco: CEO espera que crise política não tenha impacto na venda
O presidente executivo (CEO) do Novo Banco também disse que não espera qualquer impacto da crise política em Portugal no processo de venda do banco, detido maioritariamente pela Lone Star e em que o Estado português detém 25%.
Na conferência telefónica com analistas a que os jornalistas puderam assistir (o banco não faz conferências de imprensa), Mark Bourke disse que seja PS ou PSD no Governo ambos praticam "políticas que são muito conservadoras em termos orçamentais e sólidas em termos económicos" pelo que espera que qualquer conversa sobre a venda do Novo Banco, seja ida para a bolsa ou venda direta, aconteça "sem entraves".
"Esperamos que essencialmente assim continue", disse aos analistas Mark Bourke, o gestor irlandês desde 2022 à frente do Novo Banco, a propósito da crise política e eventuais eleições legislativas antecipadas.
E o novo aeroporto?
Sobre este tema, a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) manifestou "preocupação com a atual situação política em Portugal", defendendo que seja rapidamente clarificada porque a incerteza e a instabilidade prejudicam o país e as empresas.
"O país necessita de estabilidade em termos políticos e de uma governação estável para que não sejam bloqueados dossiers e investimentos em curso que têm relação direta e indireta com a atividade turística, como é o caso da TAP, do novo aeroporto ou da execução do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]", enfatiza.
Também a CIP - Confederação Empresarial de Portugal manifestou "bastante preocupação" face ao atual momento político em Portugal, lamentando a incerteza e a imprevisibilidade geradas na economia pelos "jogos partidários" da classe política.
Crise política à vista?
O Presidente da República admitiu na quarta-feira eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança - hoje já aprovada em Conselho de Ministros - que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada no parlamento, o Presidente da República convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
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