"A inflação foi um grande choque para a economia [...]. A confirmação de que estamos a sair [deste cenário] depende do julgamento de cada um, mas na área do euro estamos a ver a inflação descer", afirmou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, na abertura da conferência 'Monetary Policy Transmission and the Labour Market', em Lisboa.
Para o antigo ministro das Finanças, a resposta mais importante ao choque inflacionista foi a da política monetária. Contudo, referiu não poder ficar esquecida a resposta da política fiscal e das restantes políticas, que a zona euro foi capaz de adotar "de forma muito coordenada".
Centeno sublinhou que os mercados ajustaram-se a este choque e às políticas implementadas, acrescentando que a política monetária "reagiu rapidamente".
Durante a sua intervenção inicial, o governador do BdP considerou ainda que a Europa e os EUA adotaram uma resposta diferente neste período, destacando o investimento que a área do euro fez perante a pandemia de covid-19.
A nível do mercado de trabalho, o governador defendeu que o respetivo ajustamento foi o "mais amigável possível" relativamente à política monetária e financeira.
O ex-governante fez também referência aos mecanismos de partilha exemplificando que, após a covid-19, alguns setores registaram um aumento nas margens de lucro, que, no último ano e meio, tiveram de suportar os acréscimos nos salários.
Portugal está entre os mercados de trabalho na Europa que mais tem crescido, apontou, lembrando que, no setor privado, na última década, o número de postos de trabalho cresceu aproximadamente 38%.
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