Segundo Célia Portela, dirigente da União dos Sindicatos de Lisboa (USL), na Tribuna Pública "Trabalhadores e utentes juntos pela mobilidade, por mais e melhores Transportes Públicos" foi analisada a "situação caótica que se vive no distrito de Lisboa, relativamente aos transportes públicos", com "supressão constante de carreiras" e "material circulante que não está nas melhores condições".
A iniciativa, que envolveu também representantes do Movimento de Utentes de Serviços Públicos e comissões de utentes de Lisboa, Almada e Sintra, bem como da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), debateu os problemas que afetam os meios de transporte da Área Metropolitana de Lisboa (AML), designadamente Carris, Carris Metropolitana, transportes fluviais, CP e Fertagus.
"É todo um conjunto de questões, como o motivo de não conseguirem chegar a tempo e horas, isto no que diz respeito à Carris e Carris Metropolitana, incluindo a falta de corredores 'bus', ou outros transportes, como TVDE e viaturas particulares ocuparem essas vias", impossibilitando-os de circularem mais depressa, apontou Célia Portela.
Outra questão muito sentida no distrito de Lisboa passa pela "falta de transportes públicos noturnos e ao fim de semana", uma "situação insustentável" para a sindicalista, pois as pessoas são obrigadas a morar "mais longe" dos empregos, "logo, os tempos de deslocação são maiores".
A falta de transportes em horários noturnos afeta igualmente muitos trabalhadores, desde os que "vão dormir para o aeroporto" de Lisboa, por exemplo, por não poderem "pagar o estacionamento" e não terem transportes "nos horários a que estão sujeitos", mas também quem trabalha "nos hotéis, nos hospitais, em muitos serviços", que "não têm transportes públicos que respondam às suas necessidades".
Para a dirigente da USL, afeta à CGTP-In, a redução do preço do passe social intermodal "foi uma mais-valia, mas não foi acompanhada pelo investimento em mais transporte público", levando a que a maior utilização seja superior à oferta.
A sindicalista notou ainda que "a forma de se incentivar a utilização de mais transporte público era a redução do preço no sentido da evolução para a gratuidade do passe social", acompanhada de mais investimento nos transportes públicos.
Na sessão no Cais do Sodré participaram umas dezenas de pessoas, com utentes a quererem ouvir explicações para a dificuldade e "situação caótica" na AML, com Célia Portela a frisar que "o direito à mobilidade é indissociável de mais e melhores transportes públicos", mas também da acessibilidade, quando escadas rolantes não funcionam, abrigos sem condições ou sistemas de informação avariados.
"As pessoas não se podem fiar nos tempos de espera que estão previstos", lamentou, seja nos transportes rodoviários ou "no Metropolitano de Lisboa, que era um dos transportes mais fiáveis", agora com supressões e avarias constantes nas várias linhas e longos tempos de espera à noite, fora das horas de ponta.
"Isto é inconcebível numa cidade onde os transportes são fundamentais para nos deslocarmos", vincou a dirigente da USL, adiantando que a iniciativa irá ser replicada "em outros terminais de transportes", como forma "de sensibilização para os problemas que os trabalhadores e população vivem na cidade de Lisboa".
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