Em comunicado hoje divulgado, a Carris, que presta serviço de transporte público urbano de superfície de passageiros no município de Lisboa, refere que o acordo de atualização salarial para 2025 "foi assinado anteontem [segunda-feira] com o SITRA, o ASPTC, o SNMOT e o SITESE, e ontem [terça-feira] com o STRUP/FECTRANS".
"A Carris celebra com todas as organizações sindicais representativas dos trabalhadores da empresa o acordo de atualização salarial para 2025, nos termos do qual consagra aumentos salariais e melhoria das condições de trabalho para os funcionários que, na senda das que foram atribuídas nos últimos dois anos, constituem os maiores aumentos salariais de que há memória na Carris", lê-se na nota.
Contactado pela Lusa, Manuel Leal, dirigente nacional do STRUP - Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal indicou que foi assinada "a revisão parcial do Acordo de Empresa relativamente à matéria de natureza pecuniária e a alterações ao RCP [regulamento de carreiras profissionais]".
Segundo Manuel Leal, a assinatura do acordo foi determinada pelos trabalhadores em plenário geral, que aceitaram a proposta e decidiram prosseguir as negociações "em relação ao restante clausulado", nomeadamente a implementação das 35 horas semanais e o pagamento das deslocações ou a sua inclusão definitiva no horário de trabalho.
Ainda de acordo com o sindicalista, as matérias assinadas agora com a empresa prendem-se com a atualização salarial em 70 euros, o subsídio de refeição fixado nos 12 euros, além de "um conjunto de evoluções analisadas como positivas na questão do RCP".
"A nossa posição de fundo é, apesar de esta assinatura corresponder à decisão do plenário, no que respeita à questão da atualização salarial peca por insuficiente, de acordo até com a última proposta que tínhamos em cima da mesa", disse Manuel Leal.
No entanto, tendo em conta as evoluções positivas registadas, o STRUP entendeu assinar a proposta apresentada.
Manuel Leal salientou, contudo, que tal não significa que "mais à frente, se houver necessidade, os trabalhadores possam dar correspondência à necessidade de um processo de luta que exija um aumento integral dos salários".
Insistindo que não será a assinatura do acordo que irá "limitar a ação do sindicato", o dirigente sindical recordou que continuam em discussão a implementação das 35 horas e a forma de pagamento das deslocações.
"Se efetivamente não houver respostas no sentido da concretização destas duas questões centrais, os trabalhadores decidiram, já no último plenário, retomar o processo de luta no início do mês de junho", acrescentou.
Na nota hoje divulgada, a administração da Carris adianta que também está previsto um reforço do quadro de pessoal, "com a contratação de mais de 200 trabalhadores em 2025, dos quais 183 serão tripulantes, por forma a reforçar a oferta e aumentar a qualidade do serviço prestado aos seus clientes".
Os trabalhadores da Carris são representados por várias estruturas sindicais como o Sindicato Nacional de Motoristas e outros Trabalhadores (SNMOT), o Sitra - Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, o Sitese - Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços e o ASPTC - Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris e Participadas.
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