Em comunicado, em que confirma igualmente a saída da anterior administração e a nomeação de uma comissão de gestão liderada pelo sérvio e australiano Dane Kondic, a LAM diz que o processo vai "assegurar a prestação de um serviço de transporte aéreo eficiente, seguro e em conformidade com os padrões internacionais de qualidade", respondendo "aos desafios que a companhia tem enfrentado nos últimos anos".
Entre os problemas, segundo o comunicado, destacam-se "a obsolescência de parte da frota, as dificuldades financeiras recorrentes e a crescente concorrência no setor da aviação".
O texto realça igualmente que o Governo de Moçambique, enquanto acionista maioritário, "tem reafirmado o seu compromisso com a revitalização da LAM, assegurando a sua viabilidade financeira e a modernização dos seus serviços".
"Este processo constitui uma oportunidade estratégica para dinamizar o setor aéreo nacional, impulsionar a mobilidade, o comércio, reforçando, assim, o papel do transporte aéreo como um pilar fundamental para o desenvolvimento socioeconómico do país", lê-se.
O comunicado acrescenta que a reestruturação da companhia "visa contribuir significativamente para o aumento do tráfego de passageiros, a expansão do turismo e do transporte de carga, o fortalecimento das ligações com a diáspora moçambicana, a atração de divisas, o acréscimo das receitas fiscais e o crescimento do Produto Interno Bruto".
O Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) moçambicano anunciou em 13 de maio o afastamento da administração da LAM e a nomeação de uma comissão de gestão, que será presidida por Dane Kondic.
O Igepe informou, também através de um comunicado, que a decisão foi tomada nesse dia, em assembleia-geral extraordinária da LAM, no "âmbito do processo de revitalização" da companhia aérea estatal.
O texto deu igualmente conta que Marcelino Gildo Alberto, até então presidente do conselho de administração, e os administradores Altino Xavier Mavile e Bruno Miranda cessavam funções com "efeitos imediatos".
A AG extraordinária da companhia aprovou também a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM: Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) e a seguradora Emose.
Foi ainda aprovada a nomeação de uma "comissão de gestão, subordinada ao conselho de administração não executivo, com funções executivas, encarregue de conduzir a gestão da empresa e garantir a continuidade das operações", presidida por Dane Kondic, antigo diretor executivo da Air Serbia e ex-presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.
Segundo o comunicado da LAM de hoje, esta comissão de gestão é composta "por profissionais de elevada competência e comprovada experiência nos domínios críticos da aviação comercial", equipa que "foi criteriosamente selecionada para liderar a transformação da companhia, com enfoque na recuperação da sua sustentabilidade financeira, no aumento da eficiência operacional e na prestação de um serviço de excelência, seguro e competitivo".
O texto destaca igualmente que Dane Kondic possui uma carreira de 35 anos na indústria da aviação, tendo exercido funções "desde os níveis operacionais até à liderança estratégica de grandes companhias aéreas".
O Governo moçambicano confirmou na semana passada que vai avançar com uma auditoria forense às contas da LAM dos últimos dez anos e reestruturar a empresa, que conta atualmente com cerca de 800 trabalhadores.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 28 de abril que há "raposas e corruptos" dentro da LAM, com "conflitos de interesse", que impediram a restruturação da companhia nos primeiros 100 dias da sua governação.
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