Afinal, quanto ouro tem Portugal nos cofres? E onde está guardado?

Saiba mais sobre esta reserva do Banco de Portugal.

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Notícias ao Minuto com Lusa
28/05/2025 09:28 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

Economia

BdP

Esta semana foi divulgado que o ouro detido pelo Banco de Portugal (BdP) valia 31 mil milhões de euros no final de 2024, mais 34% do que em 2023. As reservas de ouro estão guardadas na casa-forte do complexo de alta segurança do BdP no Carregado e ainda em Londres.

 

Em 2024, o ouro do Banco de Portugal valorizou oito mil milhões de euros face aos 23 mil milhões de euros do ano anterior, "em resultado exclusivamente da forte valorização ao longo do ano".

Para que serve esta reserva? 

O ouro é considerado um ativo de refúgio em tempos de incerteza, tendo o preço da onça vindo a alcançar máximos históricos.

No final do ano passado, segundo o Relatório do Conselho de Administração do BdP, o banco central detinha 382,7 toneladas de ouro.

Portugal tem a sexta maior reserva de ouro

Numa lista compilada pelo Conselho Mundial do Ouro, Portugal tinha, no final de 2024, a sexta maior reserva de ouro da Europa Ocidental (atrás de Alemanha, Itália, França, Suíça e Países Baixos).

O ouro português foi muito falado na crise de 2011, quando foi considerado uma garantia indireta para a dívida de Portugal.

Em 2024, em entrevista à SIC, o então administrador do BdP Hélder Rosalino assumiu isso mesmo: "Nesse programa da 'troika' 2011-2014, os credores internacionais tiveram uma relação muito direta com o Banco de Portugal e, naturalmente, aquilo que lhes foi mostrado relativamente às nossas reservas de ouro foi importante. Não é uma garantia direta, mas há uma confiança que é dada aos operadores internacionais".

A origem do ouro detido por Portugal foi polémica há 30 anos, tendo levado à criação de uma comissão independente que concluiu que o regime ditatorial de Salazar ignorava a proveniência do ouro adquirido à Alemanha Nazi.

Durante a II Guerra Mundial, Portugal recebeu ouro como forma de pagamento pelas exportações para a Alemanha, nomeadamente volfrâmio, essencial para a máquina de guerra alemã.

No final dos anos de 1990, perante o debate público a nível mundial sobre os bens saqueados pelos nazis, é criada (em abril de 1998) uma comissão oficial presidida por Mário Soares sobre as "transações de ouro efetuadas entre as autoridades portuguesas e as autoridades alemãs durante o período entre 1936 e 1945".

Segundo o relatório disponível no 'site' da Secretaria-Geral do Ministério das Finanças, as reservas de ouro do Banco de Portugal eram em 1939 de 65 toneladas e em 1945 aumentaram para 306 toneladas. O aumento ascendia a 320 toneladas se fosse incluído todo o ouro na posse do Estado.

O relatório concluiu que o ouro foi adquirido "como contrapartida de comércio legítimo [com a Alemanha], conhecido e aceite pelos Aliados", e a principal fonte do ouro, o Banco Nacional da Suíça, era "na altura insuspeita".

O relatório dá conta que, já durante a guerra, era conhecido pelos aliados o envio de ouro para Portugal e que não levantaram problemas.

Fala ainda do acordo que Portugal fez em 1950 com a Comissão Tripartida (em representação de países com reivindicações sobre o ouro saqueado) para restituição de quatro toneladas, simbólicas, considerando-a um "gesto de boa vontade".

Em suma, segundo a comissão, "os factos conhecidos não fornecem motivos para considerar que o Governo português de então possa ser acusado de ter recebido, com conhecimento, ouro saqueado pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial", pelo que Portugal não deve "qualquer tipo de compensação adicional".

As conclusões do relatório foram contestadas por vários historiadores e estudiosos do holocausto.

As reservas portuguesas atingiram o recorde de 606,76 toneladas em 2002. Desde aí até 2006, período em que era governador Vítor Constâncio, Portugal vendeu mais de 200 toneladas de ouro.

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