"Aquilo que espera os trabalhadores, aquilo que espera o país, são momentos, anos e meses de muita incerteza, de muitas dificuldades, de uma política que vai continuar [...] a continuar a corresponder aos interesses das empresas, do capital, e nunca corresponder aos interesses dos trabalhadores", disse hoje à Lusa Tiago Oliveira à porta da Preh Portugal, na Trofa (distrito do Porto), onde os trabalhadores estão em greve.
O líder sindical instou "os trabalhadores que estão em casa" a se questionarem em que momento "ouviram este Governo a dizer que é culpa das empresas os salários serem baixos", "o recurso ao trabalho precário" ou "a desregulação completa dos horários de trabalho".
"Em nenhum momento ouviram isto. Mas, pelo contrário, quando o trabalhador luta e reivindica melhores salários, primeiro temos que responder e aumentar a produtividade. Quando o trabalhador reivindica um vínculo de trabalho estável que lhe permita a criação de uma perspetiva diferente, primeiro temos que responder às necessidades das empresas e às necessidades da economia", ilustrou.
Para Tiago Oliveira, "colocam-se sempre as empresas em primeiro lugar e nunca os trabalhadores".
"Um país só pode ser considerado um país de primeiro mundo quando em primeira circunstância se colocam os trabalhadores", considerou, lembrando que nos "últimos 15 ou 20 anos de governação sempre foi dito aos trabalhadores que é preciso apertar o cinto para criar condições para valorizar os salários".
Tiago Oliveira observou que, em sentido contrário, "as políticas que têm sido seguidas são sempre as mesmas" e "os salários são baixos, a vida cada vez mais está desregulada, o custo de vida cada vez aumenta mais".
"Está completamente desfeita essa retórica de que o capital continua a usar e que os governos que defendem o capital continuam a usar", asseverou, pedindo aos trabalhadores que acreditem "que outro futuro é possível" e que não se deixem "cair em engodos daqueles que se aproveitam do descontentamento de quem trabalha para capitalizar esse descontentamento mas, no fundo, permitir que as políticas continuem a ser as mesmas".
Já sobre a criação de um Ministério da Reforma do Estado, Tiago Oliveira disse que é necessário "perceber o contexto, o objetivo, as propostas", mas vincou que as políticas não dependem "do ator, da atriz", mas sim de quem escreve o guião.
"Aquilo a que o PSD e CDS nos habituaram ao longo de todos os anos em que estiveram à frente do país foi a degradação das condições de vida de quem trabalha", vincou.
O segundo Governo liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro terá 16 ministérios, menos um do que o anterior, e vai manter treze dos 17 ministros do executivo cessante.
Entram no executivo Maria Lúcia Amaral, até agora provedora de Justiça, para ministra da Administração Interna, Gonçalo Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, como novo ministro ajunto e da Reforma do Estado e Carlos Abreu Amorim sobe de secretário de Estado para ministro dos Assuntos Parlamentares.
Saem Pedro Duarte (Assuntos Parlamentares), Margarida Blasco (Administração Interna), Pedro Reis (Economia) e Dalila Rodrigues (Cultura).
Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização, tem agora a pasta da Cultura, Juventude e Desporto.
Leia Também: Composição da AR? "Negativa e não responde a interesses de trabalhadores"