O prémio de Fotografia do Ano do concurso World Press Photo foi atribuído a uma imagem captada pela fotógrafa 'freelance' Samar Abu Elouf, para o jornal norte-americano The New York Times, e mostra um menino palestiniano de nove anos que perdeu ambos os braços durante um ataque israelita na Faixa de Gaza.
A referida fotografia está a circular nas redes sociais e Iolanda Laranjeiro fez questão de se manifestar.
"Esta é a foto do ano do World Press Photo. Esta é a foto deste ano da minha vida. Esta é a foto do ano da vida da minha filha. Por muitos motivos ou só porque é gritante, a minha relação íntima com tudo o que anda pelo mundo fora está muito mais à flor da pele. E muitas das vezes custa dormir. E tenho conversas com a Simone que seguramente ela não saberá processar em todos os meridianos. Não sei fazer melhor", começou por escrever a atriz.
"Dói-me este mundo. Dói-me o óbvio: que esta tem de ser a foto do ano. Que o Trump existe. Que o Mundo onde se tem de lutar por um sítio de escolha, de existência, de consciência, de liberdade, está cada vez mais gritante e urgente e perigoso. Uma jovem é violada em direto. Um jovem é assassinado por denunciar que outros jovens querem abusar de raparigas. Não me encontro neste sítio que é o Portugal deste mundo, deste ano, desta vida. Nestes 'frames' específicos que - desejaria e acreditava - não existiriam hoje, quando eu tenho quase 41 anos e há muito se lutou pela liberdade e pela fraternidade", acrescentou.
"Olho para a Simone e busco alternativas. E sei que não a conseguirei proteger . E restam-me medidas SOS. E pensar que talvez consigamos atalhar. Que talvez consigamos não chegar ao que receio. A minha filha podia estar nesta foto. Não está porque - sei lá eu como ou porquê - nasci noutra fatia do território do mundo", continuou.
"Por empatia. Por amor. Por respeito. Por poder ser e estar sem tirania nem estupidez. Por ser Humano. Por ser Gente. Por ser cérebro, músculos, sangue e Coração. Por Empatia, não me canso de dizer. Por saber que aqueles sapatos podiam ser os meus. E sei lá eu porque não são. Por todos os que merecem muito mais do que o que têm. Pela minha filha que fala com todas as pessoas na rua e quer conhecer as suas histórias. Para que possamos ser histórias na História que vale a pena contar", pode ainda ler-se.
"Adormeço na costa vicentina, privilegiada, a pensar que a foto do ano do World Press Photo… todos merecíamos que fosse outra. Principalmente o protagonista da imagem", comentou, por fim.
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