Comer alimentos ultra processados pode afetar o crescimento das crianças

É a conclusão de um estudo feito no Porto.

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Lusa
03/12/2024 14:38 ‧ há 17 horas por Lusa

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Saúde

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que as crianças que consomem mais alimentos ultra processados aumentam de peso mais rápido e crescem mais lentamente, foi hoje revelado.

 

No estudo, os investigadores avaliaram a relação entre diferentes padrões de consumo de alimentos ultra processados ao longo da infância e as trajetórias de crescimento e a adiposidade [acumulação de gordura] da infância à adolescência, esclarece, em comunicado, o instituto da Universidade do Porto.

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A investigação recorreu a dados de 8.647 crianças da 'coorte' Geração XXI, um estudo longitudinal do instituto que, desde 2005, acompanha as crianças que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto e as suas mães.

O consumo alimentar das crianças foi avaliado aos 4, 7 e 10 anos, através de questionários, tendo os alimentos sido classificados de acordo com o grau de processamento.

O estudo identificou quatro padrões de consumo de alimentos ultra processados entre os quatro e 10 anos: "consumo constantemente inferior" (15,4% da amostra), "consumo constantemente intermédio" (56,4% da amostra), "transição de consumo inferior para superior", isto é, inferior aos 4 e 7 anos e elevado aos 10 (17,2% da amostra) e "consumo constantemente superior" (17,1% da amostra).

Para avaliar o peso corporal, altura, índice de massa corporal, perímetro da cintura e percentagem de massa gorda os investigadores analisaram a informação desde os 4 aos 13 anos.

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"As conclusões revelaram que um consumo elevado de alimentos ultra processados na infância foi associado a uma maior aceleração no peso corporal, no índice de massa corporal, no perímetro de cintura e na percentagem de massa gorda na adolescência".

O consumo elevado destes alimentos traduziu-se ainda numa "menor aceleração na altura".

Aos 4 anos, 16,9% dos alimentos que consumiam diariamente eram ultra processados, aos 7 anos 19,4% e aos 10 anos 25,6%.

"Curiosamente, não foi encontrado qualquer padrão de diminuição do consumo de alimentos ultra processados ao longo do tempo", destaca, citada no comunicado, a autora do estudo, Vânia Magalhães.

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Os investigadores avaliaram ainda se as trajetórias de crescimento e adiposidade ao longo da infância estavam relacionadas com padrões de consumo de alimentos ultra processados.

"Os nossos resultados mostraram que a dose e duração da exposição a alimentos ultra processados contribuem para piores trajetórias de crescimento e adiposidade nestas idades", acrescenta a investigadora.

Segundo Vânia Magalhães, os resultados do estudo apontam para a necessidade de "intervenções precoces que limitem o consumo de alimentos ultra processados, para promover um crescimento adequado nas crianças e nos jovens", defende.

O estudo da autoria de Vânia Magalhães contou com a orientação de Carla Lopes, ambas do Laboratório de Nutrição e Saúde Cardiometabólica da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP.

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