"Isto poderá mudar o jogo. Quanto mais longe a Ucrânia puder atacar, mais curta será a guerra (...) Isto poderá ter um impacto muito positivo no campo de batalha", frisou aos jornalistas o chefe da diplomacia ucraniana, antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para assinalar 1.000 dias da invasão russa da Ucrânia.
"A posição da Ucrânia sempre foi clara: temos todo o direito de atacar alvos militares em território russo. Este é o nosso direito legítimo e salvará os nossos civis. Isto poderá ter um impacto muito positivo no campo de batalha", acrescentou.
A subsecretária-geral da ONU para os assuntos políticos, Rosemary DiCarlo, referiu simplesmente, sobre esta 'luz verde' que "todas as partes devem garantir a segurança e a proteção dos civis, onde quer que estejam".
Esta reunião do Conselho foi organizada por iniciativa do Reino Unido para assinalar os 1.000 dias desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Rosemary DiCarlo, que falou em nome do secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou um aumento de vítimas civis nos últimos meses e os ataques russos em grande escala do passado fim de semana, alertando que "a destruição seletiva da infraestrutura energética da Ucrânia poderá tornar o inverno que se avizinha o mais rigoroso desde o início da guerra".
Exigida há meses por Kiev, a decisão de Joe Biden sobre os mísseis foi confirmada à agência France-Presse (AFP) no domingo por uma autoridade norte-americana, poucas semanas antes da tomada de posse de Donald Trump, considerado menos inclinado a ajudar Kiev.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, confirmou hoje a decisão dos Estados Unidos de levantar restrições à utilização ucraniana de armas de longo alcance que permitem atacar até 300 quilómetros dentro do território russo, tornando-se o primeiro líder europeu a falar especificamente sobre a decisão de Washington, que até agora tinha evitado a confirmação oficial.
A decisão que permite a Kiev utilizar o Sistema de Mísseis Táticos do Exército, ou ATACMS, para ataques dentro da Rússia ocorre no momento em que o Presidente russo, Vladimir Putin, posiciona tropas norte-coreanas ao longo da fronteira da Ucrânia para tentar recuperar centenas de quilómetros de território conquistado desde agosto pelas forças ucranianas.
O Kremlin condenou a medida do Presidente cessante dos Estados Unidos, alertando que pode "deitar achas para a fogueira" e aumentar ainda mais as tensões internacionais.
O futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse dentro de dois meses, aumentou a incerteza sobre continuação do apoio militar norte-americano à Ucrânia.
O político republicano prometeu também acabar rapidamente com a guerra, mas não detalhou como.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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