Presidência da Bósnia pede reforço da EUFOR contra tentativas de secessão sérvia

Os membros croatas e bósnios muçulmanos da presidência tripartida da Bósnia-Herzegovina pediram hoje à União Europeia (UE) que reforce a missão de paz EUFOR, que garante a paz no país balcânico perante as crescentes tendências secessionistas sérvias.

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Lusa
06/03/2025 15:39 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Bósnia-Herzegovina

Denis Becirovic, que representa os muçulmanos bósnios na presidência, apelou hoje, numa reunião com vários embaixadores da UE, em Sarajevo, para que sejam dados "passos concretos" nesse sentido, nomeadamente um aumento do número de soldados da EUFOR.

 

Numa declaração da Presidência bósnia, Becirovic sublinhou "a importância de a EUFOR cumprir eficaz e resolutamente a missão na Bósnia-Herzegovina e de, devido ao agravamento da situação de segurança, destacar também forças de reserva para pontos estratégicos fundamentais".

A EUFOR é uma força militar liderada pela UE, composta por cerca de 1.000 militares de 22 países, que controla o cumprimento do Acordo de Paz de Dayton de 1995, que pôs fim à guerra civil na Bósnia, o conflito mais sangrento da antiga Jugoslávia.

Becirovic salientou a importância de a Bósnia-Herzegovina, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e os órgãos da EUFOR reagirem de forma decisiva a quaisquer tentativas contra a paz e a segurança.

A Presidência já solicitou ao Tribunal Constitucional do país que avalie a constitucionalidade de leis recentes e de outros atos através dos quais a Republica Srpska (RS), a entidade sérvia, alegadamente violou de forma "brutal" a Constituição da Bósnia-Herzegovina, concluiu a declaração.

O embaixador da UE em Sarajevo, o italiano Luigi Soreca, descreveu, após a reunião, as "ações unilaterais que violam as competências das instituições estatais [da Bósnia]" como "inaceitáveis", noticiou a estação de televisão regional N1.

"A UE está a acompanhar de muito perto a evolução da situação e está inequivocamente empenhada na soberania, integridade territorial, ordem constitucional e identidade internacional da Bósnia-Herzegovina, bem como no caminho do país em direção à UE", afirmou o representante dos 27.

As autoridades da RS acabaram de tomar uma série de medidas secessionistas depois de o presidente da entidade, o pró-russo Milorad Dodik, ter sido condenado na semana passada a um ano de prisão e seis anos de desqualificação por não ter respeitado as decisões do Alto Representante Internacional na Bósnia.

Na noite de quarta-feira, Dodik assinou uma lei que expulsa a Justiça e a Polícia Central da Bósnia da RS, que entra em vigor sexta-feira.

Também na quarta-feira, o líder conservador da oposição sérvio-bósnia, Igor Crnadak, alertou para o facto de esta medida poder conduzir a um conflito armado entre os agentes da polícia central e os polícias sérvios-bósnios.

Hoje, durante uma visita a Belgrado, onde se encontrou com o Presidente sérvio, Alksandar Vucic, Dodik acusou os muçulmanos bósnios de "quererem a guerra".

"Não queremos a guerra, mas sim a paz, que é garantida pelo Acordo de Dayton. Os muçulmanos bósnios querem a guerra. Eles querem vingar-se dos sérvios e eliminar todos os sérvios que não lhes convêm, e também querem eliminar a RS", disse o líder sérvio-bósnio numa conferência de imprensa.

O líder político sérvio-bósnio garantiu, porém, que não é uma ameaça para o país, depois de ter assinado a legislação que rejeita a autoridade do sistema de justiça do território da entidade que dirige.

"Nem a República Sérvia nem eu somos uma ameaça para a Bósnia-Herzegovina", assegurou Dodik numa longa mensagem publicada nas redes sociais, na qual se dirigiu às populações étnicas da República Sérvia, "os sérvios, os bósnios e os croatas".

Desde o fim da guerra na Bósnia (1992-1995), o país foi dividido em duas entidades autónomas, a RS e a Federação Croata-Muçulmana, ligadas por instituições centrais, reforçadas durante vários anos após o conflito e agora questionadas por Dodik.

Vucic, por seu lado, disse que, em Sarajevo, "há alegria com isto".

"[As autoridades de Sarajevo] regozijam-se com a destruição da RS, porque querem vingar-se de Srebrenica", uma referência ao massacre de mais de 8.000 homens muçulmanos bósnios pelas tropas sérvias em 1995.

As autoridades da RS iniciaram hoje os procedimentos para aprovar uma nova Constituição para o Estado autónomo nas próximas semanas.

Esta alteração inclui a abolição da Câmara dos Povos no Parlamento, que garante o respeito pelos direitos dos três povos constituintes da Bósnia na RS, ou seja, além dos sérvios, também os muçulmanos bósnios e os croatas. 

Leia Também: Dodik garante que não é ameaça para a Bósnia-Herzegovina

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