Amnistia pede transparência na investigação de massacres na Síria

A Amnistia Internacional pediu hoje transparência e imparcialidade à comissão anunciada pelo Governo sírio para investigar a crise de violência entre as forças de segurança e grupos leais ao ex-presidente Bashar al-Assad, que já fez centenas de mortos.

Notícia

© Reuters

Lusa
10/03/2025 20:52 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Síria

"As imagens horríveis vindas da costa síria, com corpos caídos nas ruas (...), são uma lembrança sombria dos ciclos de atrocidades que os sírios sofreram no passado e correm o risco de exacerbar tensões sectárias e alimentar ainda mais violência mortal", alertou a diretora regional da Amnistia, Heba Morayef, em comunicado.

 

O número de civis mortos em massacres ocorridos no norte do país nos últimos dias, nas províncias costeiras sírias de Latakia e Tartus, é superior a mil, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, dando conta de relatos de numerosas execuções.

A organização não-governamental sediada em Londres, que mantém uma vasta rede de colaboradores na Síria, indicou ainda que morreram 231 membros das forças de segurança, bem como 250 homens leais ao antigo regime.

"Estes acontecimentos horríveis realçam mais uma vez a necessidade urgente de as autoridades sírias tomarem medidas abrangentes para garantir a verdade, a justiça e a reparação para todas as vítimas de graves violações ", sustentou a diretora regional da Amnistia.

Até ao momento, o novo governo sírio não forneceu detalhes do número de vítimas civis ou baixas nas suas fileiras.

O presidente interino sírio, Ahmed al-Charaa, anunciou no domingo a formação de uma comissão independente para investigar violações contra civis e descobrir a responsabilidade pelos massacres.

O novo líder sírio deixou a promessa de responsabilizar os autores, mas isso significará pouco se a justiça não for feita de forma a que dê prioridade à participação das vítimas, defenda os direitos individuais e seja imparcial, independentemente de quem seja o responsável, advertiu Morayef.

"É crucial que este processo seja totalmente transparente e realizado de acordo com as normas internacionais. A comissão foi encarregada de enviar um relatório à Presidência no prazo de 30 dias, mas estas descobertas também devem ser tornadas públicas", defendeu a responsável da Amnistia.

As autoridades devem ainda permitir que investigadores nacionais e internacionais independentes tenham acesso à Síria, incluindo as suas áreas costeiras, para realizar o seu próprio trabalho de averiguações, acrescentou.

Este é o momento mais grave de violência desde a operação militar relâmpago que depôs em 08 de dezembro de 2024 o regime de Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia.

A ofensiva foi realizada por uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa.

Apesar das promessas de inclusão das autoridades que assumiram o controlo de Damasco, a violência sectária eclodiu na região noroeste, um bastião alauita, a minoria xiita a que pertencia Assad e o núcleo do seu regime.

A crise foi desencadeada por um ataque na quinta-feira na região costeira de Latakia contra uma patrulha de forças de segurança das novas autoridades, que enviaram reforços militares para a região.

O Ministério da Defesa disse no domingo que as forças de segurança restauraram o controlo da região e já hoje anunciou o fim da operação militar no oeste do país.

Leia Também: Síria vive a pior crise desde a queda de Assad. O que se sabe?

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas