Segundo afirmou hoje o porta-voz da agência da ONU, em conferência de imprensa realizada em Genebra, Suíça, o ACNUR utilizará os fundos para expandir, até ao fim do ano, os seus esforços de ajuda de emergência, gerir as deslocações e apoiar pessoas vulneráveis nas seis regiões mais afetadas.
Desde há uma semana, quando o terramoto atingiu o centro de Myanmar, o ACNUR tem enviado materiais que tinha armazenados no país, como lonas de plástico e utensílios de cozinha, para cerca de 25.000 sobreviventes das regiões de Mandalay, Sagaing e Bago, bem como na capital, Nay Pyi Taw, e partes do estado de Shan (sul).
Além disso, adiantou o porta-voz da organização, Babar Baloch, na conferência de imprensa, tem também ajudado a dar resposta às necessidades em termos de abrigos, artigos de ajuda de emergência, e acampamentos.
A agência precisa, no entanto, de repor os materiais agora usados para continuar a satisfazer as enormes necessidades em áreas que sofrem com o impacto do terramoto, além de quatro anos de conflito e deslocações, adiantou.
"Estes artigos de ajuda são essenciais para as pessoas que perderam tudo, incluindo meios de comprar mantimentos, uma vez que alguns mercados locais ainda não estão a funcionar", referiu Babar Baloch.
O financiamento adicional, alegou, "permitirá ao ACNUR adquirir e distribuir 'kits' de abrigo de emergência e artigos de ajuda humanitária e prestar assistência aos sobreviventes durante as primeiras semanas e meses de recuperação".
O financiamento pedido servirá também para o ACNUR "reforçar os serviços de proteção, incluindo assistência jurídica, apoio psicossocial e intervenções para crianças, mulheres e pessoas com deficiência", garantiu o porta-voz.
Além disso, acrescentou, "continuarão os esforços para defender e facilitar o acesso humanitário seguro às áreas afetadas através de parcerias locais".
Já na quinta-feira, outra organização da ONU, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) tinha pedido quase 16 milhões de euros para apoiar as comunidades mais afetadas pelo sismo de 28 de março em Myanmar.
"As necessidades imediatas dos afetados incluem abrigo, alimentação, cuidados de saúde, água, saneamento e apoio à saúde mental e psicossocial", explicou a diretora-geral da OIM, Amy Pope.
"As populações vulneráveis, incluindo crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência, correm maior risco de separação familiar, tráfico, abuso e violência de género", sublinhou.
O sismo, que atingiu uma magnitude 7,7 na escala de Richter, assim como os terramotos secundários que se seguiram foram os maiores a atingir Myanmar em mais de um século e causaram a destruição generalizada de várias regiões.
De acordo com a junta militar que está no poder em Myanmar (antiga Birmânia), mais de 3.100 pessoas morreram e mais de 4.700 ficaram feridas, tendo sido dadas como desaparecidas 340, embora as equipas de busca e salvamento continuem a procurar entre os destroços.
Mesmo antes do terramoto, quase 20 milhões de pessoas em Myanmar (um terço da população) necessitavam de ajuda humanitária, devido ao conflito, à fome, ao acesso restrito aos serviços públicos e à crise económica", lembrou a organização, adiantando ser estimado que mais de 3,5 milhões de pessoas tenham sido forçadas a fugir das suas casas devido ao conflito em curso.
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