Numa altura em que o Paquistão está a pressionar por deportações em massa de pessoas sem documentos, alegando preocupações de segurança, o Governo talibã do Afeganistão condenou "veementemente o tratamento anti-islâmico e desumano e as expulsões forçadas" de refugiados afegãos.
Para as autoridades de Cabul, estas ações são "contrárias a todos os ensinamentos islâmicos, às normas internacionais e ao direito de vizinhança".
A posição do regime fundamentalista foi anunciada após uma reunião de alto nível presidida pelo primeiro-ministro, Mohammad Hassan Akhund, pelo vice-primeiro-ministro dos Assuntos Económicos, Abdul Ghani Baradar Akhund, e pelo ministro dos Refugiados e dos Assuntos de Repatriamento, Abdul Kabir.
A mensagem dos talibãs foi dirigida ao Paquistão, instando a sua população, partidos políticos, estudiosos religiosos e figuras influentes a cumprirem as suas responsabilidades islâmicas e de vizinhança em relação a esta questão.
Os líderes talibãs apelaram ainda às Nações Unidas e às organizações internacionais para que cumpram as suas responsabilidades para prevenir esta crise humanitária e garantir o regresso digno dos refugiados afegãos.
O Governo talibã anunciou que iria mobilizar os recursos disponíveis para fornecer abrigo temporário, serviços essenciais e instalações básicas aos afegãos repatriados à força.
O Afeganistão apelou ainda aos países vizinhos para que dessem aos refugiados afegãos tempo e oportunidade para regressarem voluntariamente através de um "mecanismo conjunto" coordenado com as autoridades talibãs.
De acordo com o Governo afegão, os refugiados no Paquistão estão a ser "ilegalmente presos nas suas casas, lojas e mercados" e depois "levados à força para centros de detenção antes de serem forçados a regressar ao Afeganistão".
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