ONU alerta que ataques israelitas "ameaçam frágil transição" em Damasco

O secretário-geral adjunto da ONU para o Médio Oriente alertou hoje que as centenas de ataques israelitas reportados na Síria e as intenções declaradas de Telavive de permanecer no país "ameaçam a frágil transição política" em Damasco.

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© ABDULWAJED HAJ ESTEIFI/AFP via Getty Images

Lusa
10/04/2025 18:44 ‧ há 2 semanas por Lusa

Mundo

Síria

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para abordar os recentes ataques de Israel em território sírio, Mohamed Khaled Khiari criticou as "violações israelitas" do acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e a Síria em 1974, com as forças israelitas agora a circularem livremente pela zona desmilitarizada por considerarem o acordo nulo após a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro passado.

 

"As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram publicamente que construíram várias posições na área de separação dos montes Golã. Falaram também sobre as intenções de Israel de permanecer na Síria 'por um futuro próximo'. Tais factos não são facilmente revertidos no terreno e ameaçam a frágil transição política da Síria", assegurou Khiari.

As autoridades interinas sírias condenaram os ataques israelitas, qualificando-os como "uma flagrante violação do direito internacional e da soberania síria" e "uma tentativa de desestabilizar" o país.

Já Israel indicou no início deste mês que esses recentes ataques aéreos são "um aviso para o futuro", acrescentando que Telavive "não permitirá que a Síria se torne uma ameaça" aos seus interesses de segurança. 

Nesse sentido, Mohamed Khaled Khiari instou o Conselho de Segurança da ONU a manter-se firme no seu compromisso com a soberania e a integridade territorial da Síria. 

"A oportunidade da Síria de se estabilizar após 14 anos de conflito deve ser apoiada e protegida, tanto para os sírios como para os israelitas. Esta é a única forma de alcançar a paz e a segurança regionais", defendeu. 

Da mesma forma, o subsecretário-geral para Operações de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, acusou Israel de construir obstáculos de contramobilidade ao longo da linha de cessar-fogo e de transportar, em diversas ocasiões, aeronaves através da linha de cessar-fogo e helicópteros para a área de separação.  

Além disso, as FDI continuam igualmente a impor restrições de movimento ao pessoal da Força de Observação das Nações Unidas (UNDOF) e do Grupo de Observação dos Golã na área de separação, denunciou Lacroix. 

"Não deve haver forças ou atividades militares na área de separação, além das da UNDOF. Todas as ações que sejam incompatíveis com o acordo de 1974 são inaceitáveis", frisou, acrescentando que a missão da ONU deve ter liberdade de movimentos na sua área de operações. 

Na reunião, vários Estados-membros manifestaram preocupação com os ataques e incursões israelitas na Síria, com relatos de mortes de civis.  

"Essas ações correm o risco de desestabilizar a Síria e a região em geral. E isso não é do interesse de ninguém", observou a coordenadora política adjunta do Reino Unido, Jess Jambert-Gray. 

Por outro lado, os Estados Unidos legitimaram as ações de Israel, admitindo partilhar da preocupação de Israel de que "a Síria se torne uma base para o terrorismo". 

"Sabemos que o Estado Islâmico e a Al-Qaida continuam a planear e conduzir ataques na Síria. E sabemos que o Hezbollah e outros terroristas apoiados pelo Irão estão a tentar reconquistar a sua posição na Síria para ameaçar Israel e outros Estados da região", alegou a diplomata norte-americana, Dorothy Shea. 

"Nesse contexto, Israel tem o direito inerente de autodefesa, inclusive contra grupos terroristas que operam perto da sua fronteira", insistiu. 

A embaixadora saudou a carta enviada ao Conselho de Segurança, no mês passado, pelo representante permanente sírio na ONU, na qual afirmou que a Síria não será um refúgio para o terrorismo, nem se envolverá em conflitos ou guerras que ameacem a segurança e a estabilidade da região.

Contudo, Dorothy Shea frisou que Washington "julgará as autoridades interinas sírias não pelas suas palavras, mas pelas suas ações".

A Síria vive um novo ciclo após quase 14 anos de guerra civil, na sequência de uma operação militar relâmpago que depôs em 08 de dezembro de 2024 o regime de Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia.  

A ofensiva foi realizada por uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), do qual presidente interino sírio, Ahmad al-Charaa.

Leia Também: Turquia e Israel em discussões para evitar conflitos em território sírio

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