Juba tinha anunciado na terça-feira que o país iria finalmente acolher no seu território um cidadão democrático-congolês expulso pelos Estados Unidos, após uma recusa inicial que tinha provocado a revogação por Washington de todos os vistos concedidos aos sul-sudaneses como represália.
O decreto da demissão de Ramadan Mohamed Abdalla Goc tem a data de quarta-feira, e a divulgação, pela AFP, foi feita hoje, que cita o diploma em que noticia que o novo chefe da diplomacia é agora Monday Semeya Kumba.
No passado sábado, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, acusou Juba de não aceitar os seus cidadãos expulsos e de se "aproveitar dos Estados Unidos", anunciando em represália que Washington iria revogar todos os vistos concedidos aos sul-sudaneses, uma medida sem precedentes para a nova administração Trump.
Na segunda-feira, os diplomatas sul-sudaneses explicaram que a querela estava ligada ao facto de um cidadão da República Democrática do Congo ter sido deportado para Juba no início de abril com um nome falso, tendo sido por isso reenviado para os Estados Unidos "de acordo com os protocolos de imigração sul-sudaneses".
Na terça-feira, o mesmo ministério anunciou num comunicado de imprensa que "por respeito às relações de amizade entre o Sudão do Sul e os Estados Unidos", o governo tinha decidido deixá-lo "entrar no país".
Questionada a este respeito, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse que estava "à espera que o Governo do Sudão do Sul desse seguimento" e que Washington está pronta para rever as medidas "quando o Sudão do Sul cooperar plenamente".
O Sudão do Sul é assolado por uma instabilidade e insegurança crónicas.
Os confrontos em certas regiões nas últimas semanas e a detenção domiciliária do vice-Presidente Riek Machar pelas forças leais ao Presidente Salva Kiir no final de março ameaçam o acordo de paz de 2018.
O acordo pôs termo a uma guerra civil de cinco anos entre apoiantes dos dois homens, que causou 400 mil mortos e mais de quatro milhões de deslocados.
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