"Estamos a atravessar um período muito negro em toda a Europa na supressão do direito de manifestação, na negação da capacidade de falar sobre este assunto", lamentou Corbyn, numa conferência de imprensa, em Londres.
O deputado, agora independente depois de ter sido expulso do Partido Trabalhista, foi interrogado em janeiro pela polícia devido à participação num protesto no centro da capital britânica, na sequência do qual foram detidas 77 pessoas, das quais várias foram acusadas de violar a ordem pública.
As autoridades britânicas alegaram um "esforço coordenado" dos organizadores de desrespeitarem as condições impostas para seguirem um percurso estipulado para evitar uma concentração junto às instalações da estação pública BBC, situada perto de uma sinagoga.
O sobrevivente do Holocausto Stephen Kapos, de 87 anos, um participante assíduo nos protestos, foi outro dos interrogados pela polícia após ter assistido à detenção de Chris Nineham, fundador da Coligação Parem a Guerra (Stop the War Coalition).
"Eu estava a menos de um metro de uma detenção brutal de Chris. Não havia justificação tal violência, exceto como uma mensagem de intimidação para os outros", afirmou.
Ao lembrar o passado de fuga à repressão nazi, Kapos disse recear que o Reino Unido esteja a "caminhar na mesma direção para um regime quase fascista".
Nineham, que deverá começar a ser julgado em julho, juntamente com outros ativistas acusados, não tem dúvida que a "repressão aumentou" e considerou ser vítima de um "ataque concertado da polícia à liderança de um grande movimento de protesto pacífico".
O dirigente recusou as "afirmações falsas" de que o movimento pró-Palestina é antissemita ou uma ameaça para os judeus.
Em março, a polícia prendeu seis jovens ativistas por "suspeita de conspiração para causar distúrbios" por estarem alegadamente a preparar um protesto contra os bombardeamentos na Faixa de Gaza.
Esta semana, um dos diretores da organização ambientalista Greenpeace UK foi detido por ter despejado um líquido vermelho no lago em frente à embaixada dos Estados Unidos em Londres, em protesto contra a venda de armas a Israel.
A acusação de conspiração e de autoria de danos criminais pode resultar numa pena máxima de 10 anos de prisão, declarou a organização, em comunicado.
Os ativistas presentes na conferência de imprensa falaram do uso cada vez maior de legislação de combate ao terrorismo para limitar protestos não violentos e acusar manifestantes.
"Estas medidas visam especificamente o movimento de solidariedade com os palestinianos em geral e a forma como este protesto tem sido cercado desde que Israel desencadeou o genocídio contra o povo palestiniano", afirmou o diretor da Campanha de Solidariedade com a Palestina, Ben Jamal.
Nos últimos 18 meses, disse, registou-se uma mobilização de uma dimensão sem precedentes, considerando este "o maior e mais sustentado protesto nas ruas de Londres desde o movimento sufragista" no início do século XX.
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