Mais de 400 jornalistas sudaneses forçados ao exílio

Mais de 400 jornalistas sudaneses fugiram para os países vizinhos, especialmente para o Egito, alertou na segunda-feira a Organização Não-Governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF).

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© Osman Bakir/Anadolu via Getty Images

Lusa
15/04/2025 15:18 ‧ há 3 dias por Lusa

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Em comunicado, a ONG refere que pelo menos dez meios de comunicação social sudaneses no exílio foram fundados ou continuam a funcionar desde que a guerra civil do Sudão começou há dois anos, em 15 de abril de 2023, considerando que estes "fazem uma cobertura vital, especialmente dos abusos contra civis".

 

"A RSF saúda a coragem e o trabalho notável dos jornalistas sudaneses no exílio. Mas não podemos esquecer o preço que pagam por continuarem a fazer o seu trabalho de informar. Depois de ter sobrevivido à violência e à destruição, a maior parte deles vive atualmente em condições muito precárias nos seus países de acolhimento, sujeitos a incertezas administrativas e, por vezes, a assédio", referiu o diretor do Gabinete de Crise da ONG, Martin Roux.

A organização, que já ajudou mais de 50 jornalistas sudaneses exilados através de subvenções, apela aos países de acolhimento para que os deixem regularizar a sua situação e, em vez de os enviarem de volta para o Sudão, lhes ofereçam a estabilidade indispensável para continuarem a trabalhar.

Roux pediu ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) um reforço das medidas de proteção para evitar as expulsões dos jornalistas.

O responsável apelou ainda aos doadores para que apoiem mais os meios de comunicação social no exílio, "que são fontes essenciais de informação livre e independente".

Neste cenário de crise humanitária, a RSF lamentou também o facto dos meios de comunicação internacionais continuarem a prestar pouca atenção a toda esta situação de guerra.

Segundo o comunicado, a violência extrema que o Sudão vive já levou a que pelo menos 431 jornalistas fugissem para os países vizinhos: 300 para o Egito, 71 para o Uganda, 23 para o Quénia, 22 para a Líbia e 15 para o Chade.

"Esta diáspora de jornalistas recém-formada criou ou recriou pelo menos dez meios de comunicação social no exílio", principalmente plataformas 'online', de acoredo com a mesma nota.

A capital egípcia, Cairo, que acolhe a maior comunidade sudanesa no exílio, é onde os jornalistas exilados dirigem os canais de televisão Sudania 24 e Sudan Bukra e os jornais 'online' Al-Sudani, Saqia Press, Al-Ghad Al-Sudani e Ufuq Jdeed. A maioria destes meios de comunicação social não dispõe de uma sede efetiva, segundo o comunicado.

De acordo com a RSF, os 'media' Salam Media Network, Darfur 24 e Al-Taghyeer publicam a partir de Kampala, a capital do Uganda; o 'site' de investigação Aïn e o de notícias Atar cobrem o Sudão a partir da capital do Quénia, Nairobi; e o Beam Reports está sediado em Kigali, no Ruanda.

Destacando o Egito como o país onde se encontra o maior número de jornalistas e meios de comunicação social sudaneses no exílio, os autores deste relatório referem que o Egito "é também o país onde o trabalho de jornalista é mais perigoso".

A guerra no Sudão entre as Forças de Apoio Rápido e as Forças Armadas Sudanesas começou em 15 de abril de 2023. 

Nos últimos dois anos matou dezenas de milhares de pessoas e obrigou mais de 12 milhões a fugir das suas casas e quase quatro milhões a procurarem refúgio nos países vizinhos.

O Sudão enfrenta atualmente a pior insegurança alimentar da sua história, com milhões de pessoas em risco de fome, estimando-se que 25 milhões, mais de metade da população, enfrentem fome extrema, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas.

Leia Também: Amnistia acusa o mundo de atitude vergonhosa perante conflito no Sudão

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