"É no Sahel que consideramos [estar] o epicentro do terrorismo. O Mali, o Burkina Faso e o Níger enfrentam isso diariamente", afirmou Langley numa conferência de imprensa realizada por ocasião de uma reunião de chefes militares africanos, na qual o general participou esta semana em Nairobi.
Esses três países são governados por juntas militares golpistas que, nos últimos anos, tomaram o poder impulsionadas, em parte, pelo cansaço da população diante dos recorrentes ataques extremistas.
"As redes terroristas afiliadas ao EI [Estado Islâmico] e à Al-Qaida estão a prosperar, especialmente no Burkina Faso, onde o Governo perdeu o controlo de vastas faixas de território em toda a sua nação soberana", sublinhou o general.
Desde que os EUA retiraram as tropas em setembro de 2024 do Níger, onde estavam estabelecidas desde 2012, Langley disse ter observado "um aumento nos ataques dessas organizações extremistas" não apenas nesse país, mas "em todo o Sahel, incluindo na Nigéria".
"Estes aumentos podem ser medidos tanto pela frequência como pela complexidade destes ataques, impulsionados por injustiças socioeconómicas persistentes e pela proliferação de armas, e pelo aumento de grupos terroristas capazes em todos os domínios", explicou.
"Portanto, infelizmente, com a nossa retirada da região, perdemos a nossa capacidade de monitorizar de perto esses grupos terroristas, mas continuamos em contacto com os nossos parceiros para prestar o apoio que pudermos", admitiu o responsável do AFRICOM.
Na sua opinião, "a magnitude e a brutalidade de alguns desses incidentes são realmente alarmantes".
Os ataques, precisou, também "estão a ressurgir" na região do Lago Chade, e os grupos extremistas estão a tornar-se "mais agressivos".
Um dos seus novos objetivos é ter acesso à costa da África Ocidental, disse Langley.
Se conseguirem aceder à costa, acrescentou o general, podem financiar operações de contrabando, tráfico de pessoas e tráfico de armas. "Isto não só coloca em risco as nações africanas, como também aumenta a possibilidade de as ameaças chegarem às costas americanas", concluiu.
Por isso, Gana, Costa do Marfim e Benim (todos países do Golfo da Guiné) "lutam ferozmente ao longo de suas fronteiras setentrionais para impedir a expansão terrorista", afirmou o general, que deixará o comando do AFRICOM nos próximos meses.
"Espera-se em breve a nomeação do meu sucessor. Mas independentemente de quem ocupar este cargo, a missão do AFRICOM permanece inalterada. O AFRICOM continuará a apoiar os parceiros africanos", salientou.
Embora Langley não tenha falado sobre o futuro do AFRICOM, a rede americana NBC afirmou em fevereiro que o Governo do Presidente dos EUA, Donald Trump, está a estudar uma ordem executiva para o desmantelar e transferir para o Comando Europeu (EUCOM).
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