O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a epidemia de mpox "continua a incluir-se nos critérios de uma emergência de saúde pública de interesse internacional" (USPPI), de acordo com um comunicado à imprensa.
Até ao ano passado, o USPPI era o nível de alerta mais alto para uma epidemia, de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), uma estrutura juridicamente vinculativa para os seus 196 Estados membros (os 194 Estados-membros da OMS, Liechtenstein e a Santa Sé), mas as emendas adotadas em junho de 2024 pelos países da Organização Mundial da Saúde introduziram um nível mais alto de alerta: o de "emergência devido a uma pandemia".
A decisão de manter o alerta face ao ressurgir do mpox foi tomada após a quarta reunião do Comité de Emergência do RSI, no passado dia 05.
Este comité, embora "reconhecendo o progresso feito na capacidade de resposta de alguns países", informou ao diretor-geral da OMS que a epidemia continuava a constituir uma USPPI, devido ao aumento contínuo do número de casos, inclusive recentemente na África Ocidental, e "à provável continuação da sua transmissão não detetada em alguns países além do continente africano", explica a organização internacional.
"As dificuldades operacionais persistentes" na resposta à epidemia, "incluindo vigilância e triagem, bem como a falta de financiamento, dificultam a priorização das intervenções e exigem apoio internacional contínuo", acrescenta a OMS.
O chefe da OMS declarou o USPPI a 14 de agosto de 2024 numa resposta à rápida disseminação da doença, da família da varíola, na África e, em particular, na República Democrática do Congo (RDCongo).
A OMS tomou a mesma decisão em julho de 2022, quando uma epidemia de mpox se espalhou pelo mundo, suspendendo-a em maio de 2023.
"Desde o início de 2024, mais de 37.000 casos confirmados de mpox foram relatados à OMS por 25 países, incluindo 125 mortes", disse o chefe da OMS ao comité de emergência na sexta-feira.
Só a RDCongo é responsável por 60% dos casos confirmados e 40% das mortes, seguida pelo Uganda, Burundi e Serra Leoa, que tem registado um aumento no número de casos desde o início do ano. Além dos casos confirmados, a República Democrática do Congo continua a ter entre 2.000 e 3.000 casos suspeitos por semana.
Desde a reunião anterior do comité, em fevereiro, outros sete países relataram surtos pela primeira vez: Albânia, Etiópia, Malaui, Macedónia do Norte, Sudão do Sul, Tanzânia e Togo, observou Tedros.
"Precisamos de vacinação estratégica e direcionada. E precisamos que todos os parceiros e doadores apoiem o plano estratégico global de preparação e resposta ao mpox, fornecendo os 147 milhões de dólares necessários", pediu o líder da OMS.
A epidemia de mpox causada por um vírus da mesma família da varíola, manifesta-se principalmente com febre alta e pelo aparecimento de lesões na pele conhecidas como vesículas.
Identificada pela primeira vez na República Democrática do Congo, em 1970 (então Zaire), a doença ficou por muito tempo confinada a cerca de dez países africanos.
O vírus, endémico há muito tempo na África Central, cruzou fronteiras em maio de 2022, quando o clado 2 se espalhou pelo mundo.
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