Após ataque, exército do Sudão retira-se da fronteira com Egito e Líbia

O exército sudanês anunciou hoje que se retirou da fronteira entre o Sudão, Egito e a Líbia, após acusar o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) de atacar os seus postos locais.

Exército Sudão, tanque

© -/AFP via Getty Images

Lusa
11/06/2025 11:06 ‧ ontem por Lusa

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Sudão

"Como parte das medidas defensivas para repelir a agressão, as nossas forças retiram-se hoje da zona do triângulo, que domina as fronteiras entre o Sudão, o Egito e a Líbia", informaram as Forças Armadas sudanesas num breve comunicado, sem dar mais detalhes.

 

Terça-feira, o exército classificou o ataque ao triângulo fronteiriço como "um ato sem precedentes e repreensível, e uma violação flagrante do direito internacional", e acusou as forças líbias de Jalifa Haftar de apoiarem a milícia.

Segundo o exército, o suposto apoio das unidades de Haftar ("homem forte" do leste da Líbia) às RSF neste ataque constitui "uma extensão da conspiração internacional e regional" contra o Sudão.

Na mesma linha, o ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês classificou a operação como "um ataque flagrante à soberania do Sudão e uma grave ameaça à segurança regional e internacional".

"O ataque tinha como objetivo tomar o triângulo fronteiriço entre o Sudão, o Egito e a Líbia. A participação direta das forças de Haftar em combate ao lado da milícia terrorista, dentro das fronteiras sudanesas, representa uma escalada perigosa da agressão externa contra o Sudão, impulsionada pelo regime de Abu Dhabi", afirmou o gabinete do porta-voz dos Negócios Estrangeiros.

O Sudão acusa os Emirados Árabes Unidos (EAU) de serem o principal patrocinador dos paramilitares, algo que este país nega.

Além disso, o ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que as fronteiras entre o Sudão e a Líbia --- que se estendem por cerca de 382 quilómetros - "têm sido, durante muito tempo, um importante ponto de entrada de armas e mercenários para as RSF, financiadas pelos EAU e coordenadas pelas forças de Haftar e grupos terroristas afiliados".

"No entanto, estas forças recorreram à intervenção direta nos combates após as sucessivas derrotas sofridas pela milícia terrorista", acrescenta-se na nota, afirmando que "o Sudão reserva o seu pleno direito legítimo de tomar todas as medidas necessárias para defender a sua soberania".

A guerra no Sudão já causou dezenas de milhares de mortes, deslocou cerca de 13 milhões de pessoas e dividiu o país em dois: o norte, o leste e o centro, controlados pelo exército, e a vasta região ocidental de Darfur, controlada pelos paramilitares, enquanto grandes partes do sul são disputadas.

As Nações Unidas aumentaram, recentemente, para quatro milhões o número de pessoas que fugiu da guerra civil no Sudão, considerando que "este é um marco devastador na mais grave crise de deslocamento populacional do mundo".

O terceiro maior país de África está a ser afetado, desde abril de 2023, por uma guerra pelo poder entre o general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército e governante do país desde um golpe de Estado em 2021, e o seu antigo braço direito, Mohamed Hamdan Dagalo, comandante das RSF.

Leia Também: Ataques desalojam mais de 10 mil pessoas no sudoeste do Sudão

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