O anúncio foi feito por António Costa, que, na carta-convite hoje enviada aos chefes de Governo e de Estado da UE a propósito da cimeira europeia marcada para 26 e 27 de junho, afirma que os líderes europeus vão "discutir a situação no Médio Oriente, com destaque para a situação dramática em Gaza".
"A União Europeia tem sido clara quanto ao que é urgentemente necessário: a distribuição segura, rápida e desimpedida de ajuda humanitária; a libertação incondicional de todos os reféns; um regresso imediato ao cessar-fogo e o fim permanente das hostilidades, com vista a uma paz abrangente, justa e duradoura baseada na solução de dois Estados", disse.
Vincando que "Israel deve respeitar plenamente o direito internacional e as suas obrigações internacionais", António Costa aponta que os líderes vão avaliar "os instrumentos e opções à disposição da União Europeia a este respeito".
A discussão vai acontecer numa altura em que se registam mais de 55 mil mortos e mais de 127 mil feridos desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas em outubro de 2023, ao mesmo tempo que se calcula que cerca de 470 mil pessoas estejam em risco de fome severa, com dezenas de civis mortos enquanto esperavam ajuda humanitária nas últimas semanas.
Na agenda do Conselho Europeu de junho está também a questão económica, numa altura de tensões comerciais entre Bruxelas e Washington.
"A interação entre um contexto internacional difícil e as nossas prioridades económicas internas, como o aprofundamento do mercado único, é mais importante do que nunca. É por isso que gostaria que debatêssemos os desafios geoeconómicos que enfrentamos, abordando tanto o lugar da UE no mundo como a sua competitividade", indica António Costa na carta-convite.
Essa discussão vai acontecer dias antes do prazo de 09 julho, após o adiamento da imposição de tarifas de 50% sobre as importações da UE pelos Estados Unidos para dar margem para negociações.
Os líderes da UE vão ainda discutir a questão da defesa e segurança, dias após a cimeira da NATO em Haia, que acontece a 24 e 25 de junho.
Essa cimeira -- na qual participar o Presidente norte-americano, Donald Trump -- surge quando os Aliados querem elevar os gastos de defesa, discutindo-se uma meta de 3,5% do produto interno bruto (PIB), face aos atuais 2%.
Vincando que as decisões já tomadas pela UE "estão a dar frutos", António Costa exorta os líderes europeus a analisar "o trabalho em curso para desenvolver as capacidades, reforçar a indústria de defesa e aumentar o financiamento".
"No futuro, devemos guiar-nos por uma abordagem coletiva da defesa e da segurança e concentrar-nos numa despesa eficiente. Os nossos debates terão em conta a Cimeira da NATO que terá lugar na véspera da nossa reunião", conclui na carta-convite, divulgada em Bruxelas.
A cimeira europeia contará, como habitual, com contactos (podendo ser virtuais ou presenciais) com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com António Costa a garantir "apoio firme" da UE à Ucrânia.
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