Vishwash Kumar Ramesh é o único passageiro que sobreviveu à queda do avião em na Índia, e que tinha como destino o Reino Unido. Apenas alguns segundos no ar bastaram para que esta viajem não se realizasse, sendo a hipótese mais "provável" que tenha existido uma colisão com aves - teoria que ainda falta algum tempo para confirmar, dada a fase inicial das investigações.
Ramesh, de 40 anos, seguia para Londres, onde vive há 20 anos, tendo nacionalidade indo-britânica. O homem foi visto ainda na quinta-feira a andar pelo próprio pé, no local onde o avião se despenhou.
Com ferimentos considerados mínimos, já disse, logo no dia do acidente, que "trinta segundos após a descolagem, ouviu-se um ruído forte e depois o avião despenhou-se". Foi nessa altura que, citado pelo The Guardian, pensou que estava morto.
"Consegui soltar-me, usei a minha perna para empurrar a abertura e saí a rastejar", explicou, segundo o jornal britânico, que dá conta de que não é claro se essa abertura era a porta ou uma rutura na fuselagem.
Ouvido pelo Guardian, um antigo especialista em investigação de acidentes aéreos, Tony Cable, explicou que o único conselho que tem a dar ao sobrevivente é que "jogue na lotaria."
Segundo o especialista, sobreviver com poucos ferimentos parece um milagre, mas é também importante focar em como saiu dos destroços. Primeiro, é referido que o lugar onde estava no Boeing 787-8 Dreamliner, o 11A, é um lugar de saída de emergência perto da parte da frente do avião e próximo de uma das partes mais fortes da fuselagem, conhecida como 'caixa da asa'.
"O avião estava bastante inclinado quando embateu nos edifícios", explicou Cable, acrescentando que "presumivelmente, partiu-se numa zona da fuselagem adjacente a este homem e, por sorte, ele saiu sem ferimentos graves."
Segundo o que refere a publicação, na área onde estava havia mais espaço do que lugares imediatamente à sua frente, o que lhe pode ter dado margem para escapar, espaço este que os outros lugares - e passageiros neles - não teriam, o que acabou por fazer com que sofressem mais com o impacto do embate.
John McDermid, presidente da secção de segurança do Lloyd's Register na Universidade de York, no Reino Unido, corrobora esta teoria de que o espaço e uma zona mais forte permitiu que ele se possa ter salvado: "Suspeito que, devido à natureza do impacto, ele estava numa parte forte do avião, na extremidade dianteira da asa", atirou, referindo que nesta zona não há apenas a fuselagem, "mas a estrutura 'extra' da asa para proteger da compressão da fuselagem."
E o mesmo responsável adianta: "É possível que o impacto tenha soltado a porta e ele tenha conseguido chutá-la e sair. A porta exterior estava mesmo à frente dele, por isso não tinha muito caminho a percorrer."
Seja pelo espaço ou por estar numa zona mais 'forte' do avião, houve também o fator sorte, pelo menos, segundo Ed Galea, professor na Universidade de Greenwich. "Se tens um acidente destes, com um avião cheio de combustível e uma aterragem num ambiente com construções, é muito improvável que se sobreviva. O facto de haver sobreviventes é um milagre", defendeu.
O especialista em segurança apontou ainda que, após o impacto, é possível que mais alguém tenha sobrevivido, mas não estando neste lugar e com possibilidade de sair do avião, acabou por morrer.
Segundo o Guardian, noutras investigações, Galea já concluiu que, em acidentes menos devastadores, as pessoas sentadas a menos de cinco filas de uma saída de emergência têm mais hipóteses de sobreviver do que de morrer, enquanto as que estão a mais de cinco filas têm mais probabilidades de morrer. Posto isto, Galea diz que que tenta sempre reservar um lugar a menos de cinco filas de uma saída de emergência.
“Ele foi um homem muito, muito azarado por estar naquele avião, mas também foi um homem muito, muito sortudo por ter conseguido sair”, concordou John McDermid.
Leia Também: Colisão com aves pode ser "provável" causa da queda de avião na Índia