Empresa de português alvo de operação contra imigração ilegal em Newark

A empresa de um português, localizada na cidade norte-americana de Newark, foi alvo de uma operação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), que culminou na detenção de três funcionários.

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Lusa
24/01/2025 06:18 ‧ há 6 horas por Lusa

País

Estados Unidos

O empresário Luís Janota explicou à Lusa que cerca de uma dezena de agentes do ICE entraram na companhia ao final da manhã de quinta-feira, "sem qualquer mandato", e "começaram a pedir papéis de identificação aos trabalhadores".

 

Dos três funcionários detidos, nenhum era português, assegurou Janota, proprietário da Ocean Seafood Depot, empresa dedicada à comercialização de marisco em Newark, no estado de Nova Jérsia, no nordeste do país.

"Estamos no negócio há 26 anos e nunca tivemos uma coisa assim. Nunca, nem de perto. (...) Querem fechar as fronteiras e eu estou de acordo. Mas se querem levar alguém, se querem deportar alguém, que deportem as pessoas que são más. Não as pessoas que estão a trabalhar. Estes meus funcionários não são criminosos, trabalham connosco há vários anos", protestou Luís Janota.

"Fiquei sem os meus funcionários. Agora terei de procurar outras pessoas. Eu não sei exatamente o que é que se vai passar com eles. Eu perguntei se podíamos fazer alguma coisa por eles e o que os agentes me disseram é que eles só poderiam sair após o pagamento de 30 mil dólares [28,7 mil euros] cada um", contou.

Donald Trump garantiu na segunda-feira, no discurso de tomada de posse, que irá expulsar "milhões e milhões" de imigrantes ilegais, uma das principais promessas da campanha eleitoral, durante a qual prometeu levar a cabo a "maior deportação em massa da história" do país.

Há cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos, segundo estimativas do Departamento de Segurança Interna de 2022, o ano mais recente com dados disponíveis --- embora Trump tenha afirmado, sem provas, que o número real é cerca do dobro.

Newark, que acolhe uma das mais significativas comunidades portuguesas nos Estados Unidos, é uma das várias "cidades santuário" do país, onde existem leis locais e estaduais que protegem a população indocumentada e que acabam por ser um refúgio para pessoas que ainda não conseguiram regularizar a sua situação.

Na operação em Newark, Luís Janota acredita que existiu discriminação dos agentes do ICE.

"Eu penso que eles estavam a discriminar os funcionários hispânicos, porque estavam a desconfiar dos documentos apresentados pelo 'manager' do armazém, um veterano do exército, que é hispânico. Mas, às pessoas brancas que lá estavam não perguntavam nada. A mim e a outras pessoas não perguntaram nada. Isso não faz sentido. Ou se pergunta a todos ou não se pergunta a ninguém", criticou o empresário.

A situação foi abordada pelo autarca de Newark, Ras Baraka, que condenou a atuação do ICE.

"Hoje [quinta-feira], agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) invadiram um estabelecimento local na cidade de Newark, detendo moradores indocumentados, bem como cidadãos, sem apresentar um mandado", indicou Baraka em comunicado.

"Um dos detidos é um veterano militar dos EUA que sofreu a indignidade de ter a legitimidade da sua documentação militar questionada. Este ato flagrante é uma violação clara da Quarta Emenda da Constituição dos EUA, que garante 'o direito das pessoas de estarem seguras nas suas pessoas, casas, papéis e bens, contra buscas e apreensões injustificadas'".

De acordo com o autarca, "Newark não ficará de braços cruzados enquanto as pessoas são aterrorizadas ilegalmente", admitindo estar disposto "a defender e proteger os direitos civis e humanos".

Luís Janota disse ainda à Lusa acreditar que a operação terá partido de uma denúncia.

Na quarta-feira, Tom Homan, o 'czar' da fronteira, termo como é conhecido o responsável pelas fronteiras no novo Governo de Donald Trump, afirmou que qualquer pessoa que estiver ilegalmente nos Estados Unidos poderá ser detida pelos agentes do ICE e, eventualmente, deportada.

Contudo, explicou que, nesta primeira fase, os esforços estão concentrados "nos piores primeiro", referindo-se a imigrantes criminosos que representem uma "ameaça para a segurança" da sociedade e dos Estados Unidos.

Já na quinta-feira, o Governo norte-americano anunciou uma nova diretiva com o objetivo de levar a cabo a promessa de "deportações em massa".

"A diretiva dá aos agentes da lei do Departamento de Justiça (DOJ), do Serviço de Marshalls, da Administração de Repressão às Drogas (DEA), do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, e do Departamento Federal de Prisões autoridade para investigar e deter estrangeiros ilegais", indicou o Departamento de Segurança Interna em comunicado.

"Mobilizar esses agentes da lei ajudará a cumprir a promessa do Presidente Trump ao povo norte-americano de realizar deportações em massa. Durante décadas, os esforços para encontrar e deter estrangeiros ilegais não receberam os recursos adequados. Este é um passo importante para consertar esse problema", afirmou a secretária interina do Departamento de Segurança Interna, Benjamine Huffman.

Leia Também: Mais de 300 imigrantes detidos nas primeiras 24h de Trump na Casa Branca

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