"Tivemos a necessidade de fazer essa ação, contra o despejo, contra as demolições, contra o aumento das rendas, a favor da regulação das rendas e de uma nova política habitacional", justifica Lua Semedo, em declarações à Lusa.
A ativista do Vida Justa refere que o movimento está a receber "diariamente" pedidos de "socorro" de várias famílias a braços com demolições e despejos na Área Metropolitana de Lisboa.
A ameaça de lhes verem retiradas as crianças e o risco de perderem o direito à habitação por não conseguirem regularizar os documentos são algumas das situações relatadas por essas famílias, que, sem conseguirem fazer face ao aumento sucessivo das rendas, recorrem cada vez mais à autoconstrução, assinala a técnica de intervenção social e comunitária.
Ainda há dias -- recorda --, cinco famílias foram desalojadas e as suas casas demolidas no bairro do Talude, no concelho Loures. "Não foram apresentadas quaisquer respostas, ou seja, não houve um acompanhamento, não houve uma orientação, pura e simplesmente as pessoas foram trabalhar e chegaram e não encontraram as suas casas", denuncia.
O mesmo aconteceu com famílias nos bairros de Penajoia, Raposo e Terras da Costa, no concelho de Almada, e também noutras zonas do concelho do Seixal, refere Lua Semedo.
Com a "Vigília contra os despejos" - marcada para sábado, às 14h30 -, o Vida Justa quer "causar impacto" e instar o Estado central a "repensar um pouco as políticas habitacionais" que estão em curso.
O movimento tem pressionado as entidades locais para encontrarem alternativas, mas considera que o Governo central não pode alhear-se do problema, desde logo porque há também a questão da legalização das pessoas e do atual funcionamento dos serviços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
A vigília marcará o arranque da Grande Marcha dos Bairros, aprovada na Assembleia Popular dos Bairros, organizada a 24 de novembro do ano passado.
Ao longo de "um mês intenso", a Grande Marcha dos Bairros vai promover assembleias e encontros, atividades desportivas e culturais, pinturas de murais e oficinas de dança, tendo como pano de fundo o debate e a partilha de experiências nos bairros da periferia de Lisboa onde o Vida Justa tem intervenção.
No dia 12, haverá uma marcha da Cova da Moura ao Zambujal, onde vivia Odair Moniz, morto por um agente policial em outubro do ano passado.
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