"Eu vejo como inevitável, é o segredo mais mal guardado no mundo porque já todos tinham percebido que Portugal andava a arrastar isso", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa à entrada para a Universidade Fernando Pessoa, no Porto, onde está a dar uma aula.
"Eu quando falei com o senhor Trump [Presidente dos EUA] no primeiro mandato já ele me perguntou como é que estávamos e nós estávamos em 1,48%, agora estamos melhor do que isso, mas não estamos em 2%", recordou.
Segundo o chefe de Estado, a diferença é que no primeiro mandato Donald Trump foi simpático e achou que para Portugal isso valia 2%, agora está menos simpático porque está com mais força e quer jogar mais forte.
"Esse espírito de aventura e de risco é assim. Portanto, exige mais, sobe a parada e não há outra maneira senão finalmente cumprir os 2%", afirmou.
Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, deve pedir-se, no âmbito da NATO, duas coisas: primeiro que os americanos também acompanhem na medida do possível e segundo perceber para que é que é preciso mais dinheiro e quem é o adversário.
"Eles [EUA] gastam mais, mas se começarem a falar em 5%, eles não gastam 5%. Portanto, se querem que os europeus gastem 5% também têm que gastar", considerou.
Depois, é preciso perceber para que é que é preciso mais dinheiro e qual é o adversário.
"Percebia-se qual era o adversário até há um mês e meio. Agora, se o adversário é outro, é a China, já não é a Rússia, se o adversário é o terrorismo, já é outra coisa qualquer", concluiu.
O primeiro-ministro anunciou hoje que Portugal vai antecipar a meta de atingir 2% de investimento em Defesa do Produto Interno Bruto, que estava prevista para 2029, mas sem detalhar para quando, dizendo que implicará "consenso político amplo".
"Com sentido de responsabilidade e de forma gradual e sustentada, vamos antecipar a meta de atingirmos 2% do nosso PIB de investimento na área da defesa que estava previsto até 2029", anunciou Luís Montenegro, no final de um Conselho de Ministros dedicado a responder às tarifas aduaneiras dos Estados Unidos.
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