"O 25 de Abril é uma data que nos transmite o sentimento de liberdade, o sentimento de respeito e tolerância pelo pensamento diferente, isso é a essência do 25 de Abril, é a essência da democracia e, portanto, todos aqueles que convivem mal com a diferença, com a tolerância, não são, efetivamente, dignos de poder viver plenamente o 25 de Abril e o seu significado. E eu lamento isso", afirmou.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas após cruzar a meta da caminhada dos cinco quilómetros, uma das provas da 5.ª edição da Maratona da Europa, que se realizou hoje em Aveiro.
Sobre os confrontos registados na sexta-feira, em Lisboa, que envolveram participantes de uma manifestação de extrema-direita, não autorizada, Montenegro disse que quando há excessos, tem de haver alguém que ponha ordem e que garanta a liberdade de todos.
"Eu creio que as autoridades fizeram aquilo que se impunha para manter a tranquilidade e a ordem pública. Agora quando há comportamentos que são de excesso e que extravasam o cumprimento das regras, isso responsabiliza os autores desses comportamentos", referiu.
O primeiro-ministro disse ainda não temer que a campanha eleitoral fique marcada por este tipo de movimentos, considerando que, apesar de algumas exceções, a democracia em Portugal funciona e os partidos políticos e os agentes políticos respeitam-se.
"Evidentemente que há fenómenos extremos que devem ser acompanhados, devem ser também combatidos democraticamente e nós não os subestimamos nem desvalorizamos, mas também não entramos agora em depressão porque há esses epifenómenos relativamente àquilo que é a generalidade das pessoas, dos portugueses e a generalidade dos partidos políticos também", observou.
Segundo a PSP, a operação policial associada ao 25 de Abril em Lisboa, na sexta-feira, terminou com três detidos, inclusive os líderes do Ergue-te e do grupo de extrema-direita 1143, quatro pessoas identificadas e dois polícias com ferimentos ligeiros.
Num balanço ao final do dia, o comandante da 1.ª Divisão Policial do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, Iúri Rodrigues, realçou a realização de "dois eventos que foram comunicados e que foram proibidos pela autoridade competente", o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), referindo-se a duas concentrações marcadas para o Martim Moniz, uma promovida pelo partido Ergue-te e grupos de extrema-direita e uma contramanifestação a essa mesma iniciativa.
Esses dois eventos justificaram a mobilização de um dispositivo policial para "fazer cumprir a ordem da autoridade administrativa, portanto a proibição" da realização dessas iniciativas, explicou Iúri Rodrigues, referindo que o partido Ergue-te tentou realizar a iniciativa no Largo de São Domingos, junto ao Rossio, e foi nesse local que se verificaram dois momentos de "elevada tensão", que exigiram a intervenção da PSP.
Quanto ao tradicional desfile das celebrações do 25 de Abril, desde a Praça Marquês de Pombal até à Avenida Liberdade, "decorreu praticamente sem quaisquer incidentes", afirmou Iúri Rodrigues.
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