Festas do Santo Cristo movimentam economia em manifestação de fé

No Campo de São Francisco, "coração" das Festas do Santo Cristo, em Ponta Delgada, fazem-se os últimos preparativos, testam-se milhares de lâmpadas, os comerciantes desdobram-se e os peregrinos aglomeram-se junto ao Santuário, mantendo viva a fé.

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Lusa
22/05/2025 08:07 ‧ há 5 horas por Lusa

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Ponta Delgada

José Moniz, 72 anos, natural da ilha de São Miguel, veio dos Estados Unidos da América, onde reside há quase 50 anos, propositadamente para as festas.

 

"Há três anos que não vinha. Já cheguei a estar 17 anos sem cá vir, mas a fé chama-nos. A devoção ao Santo Cristo está em nós desde sempre", diz o emigrante à agência Lusa, no Campo de São Francisco, na cidade de Ponta Delgada, nos Açores, onde no fim de semana decorrem as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, consideradas a segunda maior manifestação religiosa do país, depois das peregrinações as Santuário de Fátima.

Ao seu lado, a mulher, Alda Moniz, 69 anos, refere: "desta vez vim cumprir uma promessa e por fé. Quando emigrei levei essa fé comigo para a América".

"É uma fé tão grande. Fomos habituados assim. E a fé é que nos salva", confessa a emigrante, ao apontar para o Convento da Esperança e para o Santuário do Santo Cristo, localizados na ilha de São Miguel.

Ângela Soares, reside em São Miguel, e embora não sendo natural dos Açores, admite que a sua ligação ao Santo Cristo é igualmente forte.

Esteve na roda do Santo Cristo, uma janela composta por uma estrutura de madeira, onde os fiéis colocam as doações e recebem lembranças do Santo Cristo.

"Hoje vim cumprir uma promessa. Faço um donativo e recebo uma lembrança, que pode ser uma imagem, um terço, uma medalha, o que também é uma forma de proteção", explica.

Por estes dias, a procura por círios, para pagar promessas, também aumenta. As festas movimentam a economia.

Vítor Melo é pai do proprietário de uma loja localizada no Campo de São Francisco, um espaço de artesanato que também vende lembranças relacionadas com o Santo Cristo.

"Esperamos sempre o ano todo por esta altura", afirma, numa azáfama para atender clientes, na sua grande maioria turistas e muitos emigrantes açorianos.

Garante que vende "de tudo um pouco" relacionado com a imagem do Santo Cristo.

Mas, os artigos mais pequenos, como terços e ímanes para pendurar, são os que "têm mais saída".

"As malas não podem ir muito carregadas e estas lembranças são leves e fáceis de oferecer", explica à agência Lusa.

Francisco Amorim gere a loja propriedade do Santuário. Abriu há duas semanas e substitui um espaço anterior na Rua dos Mercadores.

"Vendíamos sobretudo literatura religiosa, mas agora, com a nova localização e a proximidade com o Convento, acreditamos que a procura aumente bastante", diz Francisco Amorim.

O principal objetivo do espaço é "servir os fiéis católicos romanos", mas disponibilizando também "artigos relacionados com o Santuário e com a imagem do Santo Cristo que não estejam disponíveis na roda", realça.

"Temos imagens do Santo Cristo, terços, incluindo o oficial, literatura relacionada com o Santuário e com o Santo Cristo, frascos para água benta com a imagem, guarda-joias, porta-chaves", entre outros, enumera.

As iluminações do Santo Cristo, no Santuário e zonas circundantes, constituem uma das principais atrações das festas.

Com 43 anos, João Luís, natural da Lagoa, na ilha de São Miguel, faz as últimas afinações nas luzes.

"Estamos a verificar algumas avarias, algumas lâmpadas que possam ter fundido, porque na sexta-feira, dia da inauguração das luzes, tem de estar tudo a postos", afirma João Luís, que trabalha na construção civil e já faz este trabalho há mais de uma década.

"Tiro sempre um mês e meio para ajudar na montagem das luzes.

Isso é uma questão de gosto, de amor, não é por dinheiro", garante.

Já José Chaves, 72 anos, residente e natural da ilha de São Miguel, também se orgulha de "ajudar na festa há 24 anos".

"Está no sangue. Faço porque gosto e quero ajudar para que as festas corram bem", sublinha, enquanto pica verduras para a decoração dos arcos do pátio da igreja.

As Festas do Santo Cristo dos Milagres começam na sexta-feira, em Ponta Delgada, tendo como um dos pontos altos a procissão que, no próximo domingo, percorre as ruas da cidade, cortejo que se realiza desde 1700.

Leia Também: Açores denuncia fraude de 140 mil euros no Hospital de Ponta Delgada

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