O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, considerou, na terça-feira, que “o Governo fez bem em suspender as negociações com os representantes dos bombeiros sapadores sobre matérias salariais e profissionais”, uma vez que, na sua ótica, ocorreu um “evidente desrespeito pela ordem democrática e a negociação coletiva”, na sequência da manifestação não anunciada pelos socorristas.
“Na minha opinião, o Governo fez bem em suspender as negociações com os representantes dos bombeiros sapadores sobre matérias salariais e profissionais. Porque não é aceitável que, no mesmo dia e local em que empregadores e sindicatos procuram dialogar e chegar a acordo, decorra uma manifestação (a) não comunicada, (b) que não respeita o cordão de segurança policial e (c) que recorre a petardos e tochas. Isto é, uma coisa é negociar, outra intimidar e coagir”, escreveu, na rede social Facebook.
O socialista foi mais longe, tendo apontado ser “lamentável que seja entre profissionais ligados à segurança das pessoas e bens (como polícias e bombeiros) que esteja a ocorrer tão evidente desrespeito pela ordem democrática e a negociação coletiva”.
“Mas, infelizmente, é bem sintomático dos riscos que corremos, quando toleramos o discurso e o método de ação do populismo”, apontou.
Recorde-se que a reunião negocial entre sindicatos representativos dos bombeiros sapadores e Governo foi suspensa pelo Executivo, que alegou falta de condições. Isto porque, do lado de fora do edifício, cerca de três centenas de bombeiros protestavam lançando petardos e gritando palavras de ordem.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) anunciou, entretanto, que dará conta do protesto ao Ministério Público, por não ter sido comunicado às autoridades e por utilização ilegal de petardos.
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