Margarida Balseiro Lopes falava no jantar comício das Caldas da Rainha (Leiria), que disse juntar mais de 2.500 pessoas, e deixou sobretudo críticas ao Chega, cujo voto defendeu ter servido para "apoiar as decisões tomadas pelo PS no parlamento".
"Mas deixem-me acrescentar, mesmo o voto noutros partidos com quem até temos algumas afinidades, nesta altura do campeonato, reduz as hipóteses de termos um primeiro-ministro competente e um Governo capaz", alertou, sem concretizar que se referia ao partido liderado por Rui Rocha.
No domingo, também o cabeça de lista por Viseu, António Leitão Amaro, deixou um recado semelhante, dizendo que o voto na IL "retira força ao primeiro-ministro".
Nas Caldas da Rainha, a também ministra da Juventude e Modernização salientou que "só há dois candidatos a primeiro-ministro", contrapondo a sua apreciação do líder do PS, Pedro Nuno Santos, com a do líder da AD - Coligação PSD/CDS-PP, Luís Montenegro.
"Um nem ministro conseguiu ser e teve de se demitir. O outro, pode-se concordar mais ou menos com as ideias, com as posições, mas não há ninguém que duvide da sua capacidade, da sua postura, da sua estatura para ser primeiro-ministro de Portugal", afirmou.
Balseiro Lopes criticou, sobretudo, a postura do partido liderado por André Ventura no parlamento nos últimos onze meses, num distrito onde a AD venceu as legislativas de 2024 e elegeu cinco deputados, mas o Chega conseguiu dois parlamentares (e o PS elegeu três).
"O Chega votou mais vezes com o PS do que com o Governo. Para quem queria combater o socialismo, rapidamente se afeiçoou a ele", disse, apontando que tal aconteceu até em matérias como a imigração ou a valorização das forças de segurança.
A cabeça de lista por Leiria considerou que este distrito vai dar "um forte contributo para uma grande vitória eleitoral da AD a nível nacional", considerando que o executivo de que faz parte "voltou a colocar Leiria no mapa".
Como exemplos, apontou, a integração de Leiria na rota da alta velocidade ou as verbas para construir o novo Hospital do Oeste.
Apesar do elevado número de pessoas, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, sentiu necessidade de pedir mais calor à sala, onde se ouvia muito ruído de fundo durante as intervenções.
"Vamos lá aquecer esta sala que ainda sinto um bocadinho fria", apelou.
O presidente dos democratas-cristãos subiu ao palco antes de ter conhecimento de que o presidente do Chega se sentiu mal durante o discurso num jantar-comício em Tavira e foi retirado do palco, deixando as críticas que têm sido habituais nos seus discursos a André Ventura, como a de que foi militante do PSD durante 17 anos.
"Quando diz então que eles falharam durante 50 anos, quem falhou? Há uma coisa de que eu tenho a certeza: quem renega a sua própria história à cata de votos, renega-se a si mesmo para se transformar num oportunista. Portugal não precisa de oportunistas, Portugal não precisa de quem destrói", acusou.
Nuno Melo deixou ainda um aviso sobre as sondagens, salientando que há um ano também davam uma vitória à AD, que se verificou, mas por uma curta margem, dizendo que as eleições de domingo "permitem corrigir todos os erros".
"O que está em causa é uma escolha entre duas possibilidades: de um lado, de um candidato que é competente e estável, que prestou provas como primeiro-ministro e passou com distinção. Do outro lado, um candidato que é impulsivo e está sempre zangado, que prestou provas como ministro e chumbou, saindo pela porta pequena", afirmou, numa referência a Pedro Nuno Santos.
Sem se referir diretamente a nenhum partido, o líder dos democratas-cristãos apelou a que os eleitores "não desperdicem votos por muito simpáticas que lhes pareçam outras forças políticas".
"Nós merecemos quatro anos. Nada seria mais trágico e injusto do que acordarmos na segunda-feira com um país cheio, cheio de arrependidos. Não se arrependam", pediu.
[Notícia atualizada às 22h25]
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