"Com as condições da indústria automóvel em 2025 inicialmente previstas para abrandar em termos homólogos, embora partindo de níveis bastante favoráveis, as perspetivas para o setor foram consideravelmente ensombradas pelos anúncios de tarifas da administração Trump", refere a agência de notação financeira num comentário hoje divulgado.
Adicionalmente, além de representarem "desafios adicionais para a geração de lucros/fluxo de caixa" dos fabricantes de equipamentos originais, os ajustamentos e as revisões em curso da política tarifária tornam "altamente improvável" que se consiga estimar de forma razoável as condições do setor automóvel durante o resto do ano.
No entanto, e no que se refere ao primeiro trimestre, verifica-se que a incerteza tarifária "já teve um efeito materialmente negativo no desempenho do setor", tendo as empresas que já anunciaram os resultados reportado "lucros substancialmente mais baixos" face ao mesmo período do ano passado.
Ao mesmo tempo, dados os elevados níveis de incerteza, muitos fabricantes automóveis optaram por suspender as suas orientações para 2025.
"Dos fabricantes que até agora comunicaram os seus resultados financeiros, a única exceção é a Renault SA (com uma notação BBB (baixa) e perspetiva estável), que comunicou volumes de vendas e receitas resilientes, ao mesmo tempo que (re)confirmou a orientação para os resultados de 2025 que tinha anteriormente divulgado", nota a Morningstar.
Salientando, contudo, que a Renault não tem exposição direta ao mercado dos EUA, a agência de notação alerta que, para o resto da indústria, a incerteza em torno dos novos encargos associados aos direitos aduaneiros -- exacerbada pelas revisões e ajustamentos em curso a essas políticas --, a par do desconhecimento sobre como tal afetará a procura de veículos, está a "limitar significativamente" as perspetivas de rentabilidade do setor.
Embora admita que estes desenvolvimentos possam também vir a ter implicações negativas na notação de crédito de algumas empresas do setor automóvel, a Morningstar DBRS ressalva que os perfis financeiros da maioria dos fabricantes avaliados "estão em níveis sólidos (em relação às suas respetivas notações de crédito)", tendo "beneficiado de uma conjuntura bastante favorável ao longo dos últimos anos".