O escritor norueguês Dag Solstad, considerado um dos mais importantes nomes da literatura nórdica contemporânea, morreu na sexta-feira à noite, aos 83 anos, após um breve internamento hospitalar, noticiou o jornal norueguês Aftenposten, citado pelo The Guardian.
No momento em que morreu, Dag Solstad estava acompanhado da mulher, a crítica e editora de teatro norueguesa Therese Bjørneboe.
Único escritor norueguês a ter recebido três vezes o prestigiado prémio da crítica desse país, além de muitas outras distinções, Dag Solstad afirmou-se no meio literário pela sua prosa, que combina desespero existencial, temas políticos e sentido de humor.
Permanentemente apontado como um dos nomes favoritos ao Prémio Nobel da Literatura, Dag Solstad foi admirado por grandes nomes da literatura mundial, entre os quais Haruki Murakami, que o traduziu para japonês, e a norte-americana Lydia Davis, que aprendeu norueguês a ler o seu romance 'The Insoluble Epic Element in Telemark in the Years 1592-1896', refere o jornal britânico.
Karl Ove Knausgård admirava a sua "elegância antiquada", Per Petterson classificou-o como "o romancista mais corajoso e inteligente da Noruega" e, num ensaio para a Paris Review, Damion Searls comparou-o ao John Lennon das letras norueguesas: "O experimentalista, o homem das ideias".
Nascido no município de Sandefjord, no sudeste da Noruega, em 1941, Solstad começou a sua carreira de escritor como jornalista num jornal local, antes de se dedicar à ficção curta, aos 23 anos.
Antigo membro do Partido Comunista Maoísta da Noruega, descreveu-se a si próprio, nos últimos anos, como um "amador político", mas também declarou, no seu 80.º aniversário, que gostaria de ser recordado como um comunista.
A política impregnou alguma da sua prosa, como é o caso de 'Armand V', obra de 2006, sobre um diplomata que sobe na hierarquia do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega e se molda à política dos Estados Unidos.
No entanto, eram mais pessoais as preocupações centrais dos seus mais de 30 livros, entre romances, contos, peças de teatro e ensaios, frequentemente focados nas relações difíceis entre pai e filho.
Publicado em 33 línguas, o autor é dono de uma obra que foi sempre alvo de aceso debate, devido ao seu radicalismo anticonformista.
Em parceria com o escritor policial Jon Michelet, Dag Solstad escreveu ainda cinco livros sobre os campeonatos do mundo de futebol, entre 1982 e 1998.
Em Portugal, estão publicados os romances 'Pudor e Dignidade', 'A Noite do Professor Andersen' e 'Romance 11 Livro 18'.
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