Pavilhão Julião Sarmento abre quarta-feira e celebra artista

O Pavilhão Julião Sarmento abre quarta-feira, em Lisboa, com uma visão das relações próximas do artista e também com o propósito de aproximar o público da arte contemporânea e dos seu criadores, segundo a diretora artística, Isabel Carlos.

Julião Sarmento artista

© Igor Martins/Global Imagens

Lusa
03/06/2025 21:09 ‧ há 2 dias por Lusa

Cultura

Arte Contemporânea

"Uma coisa que o museu quer fazer é criar uma grande proximidade entre o público e os artistas. Os artistas terão aqui uma casa que acolhe", salientou a responsável pelo novo espaço durante uma visita para jornalistas antes da inauguração.

 

Tutelado pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC -- ,Lisboa Cultura), este novo espaço museológico dedicado à arte contemporânea, nasce com base na coleção privada do artista plástico e visual, com cerca de 1.500 obras cedidas pela família.

A exposição inaugural intitula-se 'TAKE 1 -- A Coleção do Artista Julião Sarmento', tem curadoria da própria Isabel Carlos, num tema inspirado no cinema -- uma das artes importantes para Sarmento, que morreu em 2021, aos 72 anos -- remetendo para a primeira tomada, o 'take one' essencial na montagem do realizador.

"É a ideia de a exposição ser a primeira tomada, de ser só o primeiro 'take' de um longo filme que vai ser mostrar esta coleção e esta casa", salientou Isabel Carlos, acrescentando: "Vai ser muito mais do que mostrar uma importante coleção".

São 88 as obras selecionadas para a primeira mostra do conjunto que Julião Sarmento (1948-2021) reuniu ao longo da vida, no contexto do seu trabalho e das muitas amizades de artistas portugueses e estrangeiros.

"Desde o início, Julião Sarmento tem como desígnio ser um colecionador. Uma boa parte da sua coleção resulta de trocas com os seus pares, com os artistas de quem mais gostava. Há imensas obras que são da ordem da 'memorabilia'", desde a pequena foto oferecida no aniversário, um desenho feito num encontro informal, ou um retrato rabiscado num guardanapo.

Mas na coleção e na exposição também há obras que o artista "claramente comprou", como peças de Robert Morris e de Ana Jotta, sendo que muitas das obras irão ser vistas pela primeira vez em público.

O percurso expositivo de "múltiplas leituras" respira no pavilhão branco remodelado pelo projeto do arquiteto João Luís Carrilho da Graça, um antigo armazém de alimentos na Avenida Índia.

A mostra propõe dois grandes núcleos temáticos: 'Arte e Vida', centrado na amizade, amor, partilha e celebração entre artistas, e 'Espaço e Arquitetura', revelando o fascínio do artista pelo habitar e pela construção do desenho arquitetónico.

A Galeria 2 foi ocupada com o lado mais intimista e "intencionalmente de homenagem" a Julião Sarmento, com fotografias e desenhos do artista captados pelos seus amigos também artistas, como José Manuel Costa Alves e Fernando Calhau, e também de Eduardo Batarda, Miquel Barceló, Carolina Pimenta, John Baldesari e Antoni Muntadas.

Outra peculiaridade da coleção é conter obras de artistas muito próximos de Julião Sarmento que foram casais -- como os escultores espanhóis Cristina Iglesias e Juan Muñoz, ou os norte-americanos Rita MacBride e Glen Rubsamen - e outras resultantes de colaborações entre artistas.

Na galeria -- onde se sente intensamente a 'presença' de Julião Sarmento -- a diretora sublinha que "a coleção reflete muito o gosto do artista, incluindo as ofertas espontâneas dos artistas que o conheciam muito bem, portanto davam-lhe o que ele gostava".

Entre os artistas representados estão também Marina Abramovic, Ernesto Neto, Rui Chafes, Richard Long, Lawrence Weiner, Ângela Ferreira, Didier Fiúza Faustino, entre outros.

Outra ideia que Isabel Carlos quis concretizar é a dispersão de obras de arte "por todo o lado", incluindo na casa de banho, onde se encontra uma peça sem título de 1998 de Susana Mendes Silva: dois sabonetes de glicerina com lâminas no interior.

Na Galeria Zero -- indicou a diretora - a exposição será de longa duração, ficando até abril de 2026, enquanto na Galeria -1 "haverá muita rotatividade, e acontecerão coisas mais experimentais".

"Já em setembro/outubro deste ano, haverá um dia inteiro dedicado aos filmes e vídeos de João Onofre, artista muito representado na coleção. O museu ficará aberto entre as 11:00 e as 19:00, e, no fim das exibições, haverá uma conversa dos artistas com o público", indicou a curadora.

Neste primeiro ano, serão privilegiados sobretudo os artistas da coleção, "mas com obras para além dela", disse, destacando também o "caráter internacional da programação", convidando curadores estrangeiros para virem a Portugal dar novos olhares à coleção, contactar com artistas portugueses e visitar os seus estúdios.

"Aqui temos o Julião, a vida dele, mas também a celebração desta ideia do conceptualismo, de que a vida é arte e a arte é vida", vincou a responsável sobre a essência do novo projeto com a missão de preservar, estudar e partilhar esta coleção privada.

No exterior do museu ficarão duas obras doadas pela família à autarquia: um enorme cinzeiro em pedra portuguesa que Julião Sarmento fez para a Bienal de Veneza de 2019 -- intitulado 'Azul Cadoiço' - e uma peça em ferro com cinco metros de altura do escultor Rui Chafes.

A obra de recuperação do edifício para o Pavilhão Julião Sarmento, da responsabilidade da SRU -- Sociedade de Reabilitação Urbana, representou um investimento de seis milhões de euros, ao qual se somaram 500 mil euros assegurados pela EGEAC -- Lisboa Cultura, segundo a entidade.

A cerimónia de inauguração acontece na quarta-feira, com abertura de portas às 18:00, na presença do presidente da autarquia, Carlos Moedas, seguido de um concerto pela artista Dorit Chrysler, que atuará com um 'theremin', instrumento musical pioneiro de eletrónica em tempo real, que toma o nome do seu inventor, Louis Theremin.

Leia Também: Coleção de livros-jogos 'Aventuras Fantásticas' é reeditada em Portugal

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