Livro de memórias de Luis Miguel Cintra no cinema é apresentado dia 12

O livro que reúne memórias e reflexões do ator e encenador Luis Miguel Cintra sobre representação no "ofício tão íntimo e pessoal" do cinema é publicado este mês pelos Caminhos do Cinema Português, revelou o festival de Coimbra.

Luís Miguel Cintra

© Global Imagens

Lusa
07/06/2025 11:45 ‧ há 8 horas por Lusa

Cultura

Cinema

Em "Luis Miguel Cintra: Comentários a uma Filmografia", que vai ser apresentado no dia 12, no Porto, estão coligidas as memórias dos quase 100 filmes em que o ator participou, entre 1970 e 2022.

 

Este livro surgiu de um desafio feito a Luis Miguel Cintra pelo festival Caminhos do Cinema Português, depois de em 2024 lhe ter sido atribuído o prémio Ethos, ao que o ator respondeu com "uma filmografia comentada".

"Nem eu próprio me lembrava que havia tantas coisas. E há um livro da Cinemateca com o catálogo de tudo aquilo em que entrei e então resolvi comentar cada um dos filmes. A determinado momento, já era uma data de páginas e ficou um livro. A minha ideia não era essa", disse o ator em novembro de 2024 à agência Lusa, em Coimbra, quando foi homenageado no Caminhos.

O livro revisita todos os filmes em que participou, numa carreira em que se cruzou com realizadores como Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Pedro Costa, Solveig Nordlund, Maria de Medeiros, Joaquim Pinto e João César Monteiro.

Foi com João César Monteiro que Luis Miguel Cintra se estreou no cinema, em "Quem espera por sapatos de defunto morre descalço" (1970).

"Quando comecei foi quase por acaso. Mas nada é por acaso a não ser os desastres e o primeiro amor", escreveu na abertura de um texto sobre aquele filme, dizendo que nunca tinha pensado fazer cinema, não fossem "dois jovens artistas de sucesso intelectual, gente antifascista, escusado será dizer", que apareceram nos ensaios de uma peça que estava a ensaiar: João César Monteiro e Paulo Rocha.

Ao longo de mais de uma centena de páginas, Luis Miguel Cintra, 76 anos, desenrola recordações, críticas, afinidades e impressões sobre rodagens e as pessoas com quem trabalhou, entre textos mais sentimentais e outros meramente informativos.

Sobre "Peixe Lua" (2000), de José Álvaro Morais, o ator escreveu: "Marca a vida de uma pessoa fazer um filme assim", "quase um filme de família com tantas histórias secretas ou simplesmente que não se contam porque todos as sabem ou escondem".

O filme "Entre sons, palavras e cores" (2011), de André Spencer, serviu o propósito de Luis Miguel Cintra divergir para uma reflexão sobre o ofício de representar.

"Agora que deixei de poder ser ator, antes que me esqueçam, revelo aos mais novos que apesar de ter a glória de poder ostentar uma filmografia com tantos e bons filmes, serei talvez o ator que em Portugal não ganhou quase nada com os filmes, porque nunca recusei um papel por ganhar pouco ou nada, e recusei sempre qualquer papel na televisão. Vivi justamente entre sons, palavras e cores", escreveu.

E a propósito de "O Gebo e a Sombra" (2012), um de vários filmes em que trabalhou com Manoel de Oliveira, Cintra elogia: "É um filme que surge na minha vida como uma incrível recompensa pela admiração e pela amizade incondicionais que para sempre associam o meu ofício de ator de cinema à sua obra".

O filme "Capitães de abril" (2000), de Maria de Medeiros, fê-lo recordar-se de que também esteve no Quartel do Carmo, em Lisboa, com o ator Luís Lucas, no dia 25 de Abril de 1974: "Posso jurar que a atmosfera que se viveu não foi a de um doce e amável festejo com bandeirinhas. Nós estáva¬mos cheios de medo de que aquilo não resultasse".

O livro "ficou uma espécie de livro de memórias, uma coisa meio sentimental da minha vida no cinema", contou Luis Miguel Cintra que, apesar de considerar que a sua "vida era no teatro", acabou a fazer muito mais filmes do que esperava.

A sessão de apresentação de "Luis Miguel Cintra: Comentários a uma Filmografia" está marcada para o dia 12 no Cinema Trindade, no Porto, seguida da exibição de "Uma pedra no bolso" (1988), de Joaquim Pinto, numa "escolha pessoal do ator para assinalar a ocasião".

Leia Também: MDOC entre 28 de julho e 3 de agosto: Mais de 30 filmes em competição

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