As limitações a que João Pereira irá estar sujeito neste início de funções na equipa principal do Sporting são, em tudo, idênticas àquelas que Ruben Amorim, em março de 2020, também encontrou.

Na altura, o jovem técnico recém-contratado ao Sporting de Braga, ainda não tinha o nível IV e último da hierarquia de cursos da UEFA, sendo que o mesmo é exigido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) aos treinadores das equipas do primeiro escalão. Ainda assim, Amorim foi inscrito como treinador-adjunto, apesar de ser, à vista de todos, o técnico principal dos leões.

A Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) denunciou a situação, acentuada pelas instruções dadas por Ruben Amorim a partir do banco no decorrer dos jogos, e a mesma resultou num castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol que consistia no pagamento de uma multa de 1.910 euros por parte do técnico e de outra de 6.380 euros pelo clube. As duas, no entanto, nunca foram pagas, dado que o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), em outubro de 2021, deu razão aos leões.

"O conceito de transmissão em permanência de instruções é um conceito jurídico, e não técnico ou desportivo, e o seu preenchimento tem de assentar num lastro de factos concretos e bem delimitados pelas suas circunstâncias de tempo, lugar e modo", justificou o TAD, que assim atestou que Amorim não esteve, de forma permanente, ao longo dos 90 minutos, a dar instruções aos atletas em campo.

Assim sendo, o que pode ou não fazer João Pereira?

Passados quatro anos, o Sporting volta a nomear um treinador que ainda não tem todas as habilitações necessárias para que possa, sem quaisquer restrições, assumir as funções que o cargo implica. João Pereira, atualmente com 40 anos, só tem o curso de treinador de nível III, o que significa que ainda lhe falta o nível IV, precisamente, o mesmo que faltava a Amorim.

O técnico, que ascendeu da equipa B para a equipa principal dos leões, vai estrear-se neste novo cargo já na próxima sexta-feira, diante do Amarante, para a Taça de Portugal, e o Desporto ao Minuto tentou saber, junto de fonte conhecedora do processo, o que pode levar a que o Sporting seja, uma vez mais, alvo de um castigo, ainda que a situação mais grave seja, precisamente, aquela que esteve 'em cima da mesa' em 2020.

"O João Pereira não pode dar instruções de forma contínua para o campo. Nestes caso,s há sempre uma multa, para o treinador e para o clube", explicou a fonte em causa, acrescentando que a queixa disciplinar que já foi apresentada pela ANTF, feita com base nas exigências do regulamento da Liga no que ao primeiro escalão diz respeito, deverá "dar origem a um processo de inquérito que irá dar uma resposta própria".

"Também não pode dar conferências de imprensa, mas é nas instruções para o campo que irá estar mais limitado. A questão de fundo é o facto de ter ou não as qualificações para estar integrado no grau exigido para a I Liga", completou a fonte.

Vale lembrar que, à semelhança de Ruben Amorim, no seu início de percurso em Alvalade, João Pereira também irá constar das fichas de jogo como adjunto (o que já acontecia na equipa B dos leões, que orientou desde o início da época até agora) e será Tiago Teixeira formalmente indicado como treinador principal.

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