Zeno Debast chegou com pompa e circunstância ao Sporting no verão passado. Depois de dar nas vistas ao serviço dos belgas do Anderlecht, o jogador, de 21 anos, saiu do país de origem pela primeira ocasião para ser um dos defesas-centrais do eixo de Ruben Amorim.
Habituado a participar num esquema tático com três centrais, o jovem jogador foi obrigado a mudar o seu rumo dentro dos verde e brancos. Visto como um dos esteio do setor mais recuado dos leões, as muitas limitações que o Sporting tem sofrido nos últimos meses no meio-campo, com muitas lesões à mistura, foram determinantes para que Debast regressasse a uma posição que não lhe é nada desconhecida.
Ainda que pudesse ter espaço no 3x4x3 recuperado por Rui Borges nos últimos jogos, depois de uma aposta num 4x4x2 em que a equipa não se sentia tão confortável defensivamente dadas as rotinas adquiridas nos últimos anos, Debast tem dado cartas na posição onde fez a formação até aos sub-15.
Perante as muitas ausências que têm afetado o campeão nacional no meio campo durante as últimas semanas, Zeno Debast fez por esquecer nomes como Hidemasa Morita, Daniel Bragança, Morten Hjulmand, João Simões ou Alexandre Brito. Aliás, o belga tem mesmo sido fundamental para fazer as vezes do capitão de equipa, neste momento a recuperar de uma entorse na tibiotársica do pé esquerdo.
"Esta época já joguei como lateral direito, defesa-central pela direita, defesa-central pela esquerda, lateral esquerdo e ainda [a médio] como número seis e número oito. Seis posições. Seja onde o treinador me colocar, continuarei sempre a dar o meu melhor", disse recentemente Debast à Pickx + Sports, referindo encontrar-se "muito feliz" por estar no "melhor clube de Portugal".
Se há pouco mais de um mês e meio Rui Borges encarava Debast como "opção de recurso" para o meio-campo, o belga assumiu o estatuto de titularíssimo no setor intermediário. A readaptação promovida por Rui Borges já colhe, inclusive, frutos. Até esta época, o camisola seis dos leões nunca tinha marcado um golo. Depois de um golaço contra o Lille em setembro do ano passado, o jovem jogador voltou a repetir a receita em Barcelos, marcando o golo que valeu a passagem do Sporting aos quartos de final da Taça de Portugal.
Mas as boas exibições e consistência não se ficaram pelo encontro diante do Gil Vicente. O belga foi um dos melhores jogadores em campo na vitória diante do Estoril. Além de ter sido um pêndulo no meio campo do Sporting, Debast fez assistências para dois dos três golos dos campeões nacionais e até esteve perto de marcar com uma bola ao poste.
"Vou falar do Zeno [Debast] que encheu o campo. Fez um grande jogo, numa posição que não é a dele, adorei o jogo dele, foi fantástico, tem crescido imenso e foi muito importante, é um jogador adaptado e tem tido um comportamento fantástico. O que ele fez, fez muito bem. A estratégia e o sistema... Hoje em dia o futebol está muito evoluído, nos 90 minutos há muita mutação no jogo. O Zeno tem grande capacidade de passe, são estratégias, mas nunca estivemos desequilibrados", frisou Rui Borges, depois da vitória ante os estorilistas.
Certo é que a continuidade de Zeno Debast neste setor do campo deve prosseguir durante as próximas semanas. É que as muitas ausências no meio-campo ainda não devem ficar debeladas em tempo útil. Resta agora é saber quem fará companhia ao belga na zona intermediária. Eduardo Felicíssimo foi o escolhido diante do Estoril e poderá repetir o lugar no onze no encontro de domingo frente ao Casa Pia.
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