O Presidente da República pediu hoje um "acordo de regime alargadíssimo" para o próximo ciclo olímpico e salientou a "boa coincidência" que os próximos Jogos se realizem em Los Angeles, voltando a deixar críticas à atual administração norte-americana.
"O que estamos a viver hoje é o unilateralismo, é o isolacionismo, é o protecionismo, é a negação do diálogo, é a negação da tolerância, que é exatamente o oposto do espírito olímpico", assinalou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na cerimónia de tomada de posse do novo presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e em que também discursou o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"É preciso que o mundo melhore muitíssimo. Porque senão o espírito olímpico está a ser construído por um lado e a ser destruído pelo outro. Fecham-se fronteiras, fecham-se diálogos, fecham-se pontes, fica uma hipocrisia", lamentou, ainda em referência à situação dos Estados Unidos.
Em Portugal, defendeu, vive-se "um momento histórico", elogiando a "evolução impressionante" em termos de resultados do país nos Jogos Olímpicos das últimas décadas.
"Dito isto, eu sou um otimista realista, fui sempre, não há razão para deixar de ser. E o meu otimismo realista diz o seguinte: que agora é hora da unidade de todos em torno deste novo capítulo da história do movimento olímpico em Portugal", defendeu.
A menos de dois meses de novas eleições legislativas antecipadas, Marcelo Rebelo de Sousa pediu que, nos próximos três anos de preparação para os Jogos Olímpicos de 2028, haja um acordo de regime nesta área.
"Não vale a pena estar a discutir, tem de haver mesmo acordo de regime. Qualquer que seja o governo, em quaisquer circunstâncias, isto tem de haver. E é um acordo de regime alargadíssimo, porque tem de ser aos atletas, aos clubes, aos autarcas, às famílias, aos portugueses, aos meios de comunicação social, ao mundo empresarial, às coletividades as mais diversas", afirmou.
O chefe de Estado aproveitou para concordar com várias passagens da intervenção do discurso do primeiro-ministro, que tinha falado imediatamente antes dele, começando pelo elogio dos portugueses.
"Diz o sr. primeiro-ministro que nós - estou farto de dizer isso, mas vejo que o sr. primeiro-ministro alinha nesse princípio - quando somos muito bons, somos os melhores dos melhores. Mas não é no desporto, é em tudo", disse.
Antes, Luís Montenegro tinha defendido que o desporto "incentiva a sociedade a poder ir mais longe".
"Nós temos vários desportistas, em várias modalidades, que são os melhores do mundo. E se nós somos capazes de fazer isso no desporto, nós somos capazes de fazer isso em qualquer atividade", defendeu.
O chefe de Estado e de Governo concordaram também na necessidade de aumentar a prática desportiva em Portugal entre as crianças, com Montenegro a considerar preocupantes os resultados do país nesse indicador e no da obesidade infantil.
"Nós às vezes enganamo-nos a nós próprios e pensamos que somos um país com muita prática desportiva e não somos, estamos na cauda da União Europeia em termos de prática desportiva e também estamos com uma performance preocupante ao nível da obesidade", afirmou.
Fernando Gomes foi eleito a 19 de março presidente do COP para o quadriénio 2025-2029, somando 103 votos contra os 78 do adversário Laurentino Dias, correspondentes a 57% dos votos expressos em urna.
Além de muitas figuras do desporto, como o presidente do Futebol Clube do Porto, marcaram presença o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, deputados do PS e vários autarcas, entre os quais o da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
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