O fim da jornada 29 do campeonato trouxe consigo uma mudança no topo da classificação. Após a retumbante goleada no Dragão, diante do FC Porto (1-4), o Benfica perdeu o estatuto de líder isolado da I Liga, com o empate, na Luz, diante do Arouca (2-2)
O encontro ficou marcado por uma decisão polémica da equipa de arbitragem liderada por António Nobre. O juiz decidiu contrariar as indicações do VAR, Luís Godinho, e marcou uma grande penalidade, por falta de Nicolás Otamendi com a cabeça, que haveria de ser convertida por Yalcin.
Em declarações exclusivas prestadas ao Desporto ao Minuto, José Manuel Capristano, antigo dirigente do Benfica, considerou que o Benfica foi prejudicado no duelo diante do Arouca, apontando o dedo, também, ao trabalho de Cláudio Pereira, no Santa Clara-Sporting, a propósito de um suposto penálti que não foi apontado, num lance entre Eduardo Quaresma e Matheus Pereira.
"O Benfica não foi prejudicado apenas no jogo com o Arouca, na Luz. Tem sido prejudicado de forma indireta com as vantagens que o seu adversário direto tem tido nas arbitragens. É tão escandaloso que foram dois dias seguidos. Num dia, há um penálti descarado contra o Sporting que não é marcado, no outro dia, há um penálti contra o Benfica que não é penálti e que é marcado. Não faz sentido esta dualidade de critérios na arbitragem quando estamos a cinco jornadas do fim do campeonato. Um clube é levado ao colo, o outro tem o terreno inclinado contra ele. É escandaloso como no mesmo fim de semana um clube clube que está a lutar pelo título é beneficiado e o outro que está a lutar pelo título é prejudicado", começou por dizer o antigo vice-presidente do Benfica.
Logo após o empate, na Luz, o Benfica emitiu um comunicado oficial, no qual criticou as arbitragens dos jogos de fim de semana que envolveram os dois candidatos ao título. José Manuel Capristano considera que o clube encarnado deve fazer mais do que isso.
"O Benfica fez bem em fazer o comunicado, mas não chega. Tem de pedir uma intervenção ao presidente do Conselho de Arbitragem e levar imagens. Contra factos, não há argumentos. É preciso levar vídeos do que aconteceu com o nosso clube e com o adversário. Isto não pode estar ao Deus dará. Mudou o presidente da FPF e do Conselho de Arbitragem, há pouco tempo, mas continua tudo na mesma. A arbitragem é dona e senhora e não há represálias. O senhor António Nobre vai apitar algum jogo qualquer no fim de semana. Antigamente, iam para a 'jarra', e agora nem vão. Brincam com isto tudo, ganham o seu dinheiro, prejudicando ou não os clubes. Continuamos neste estado de coisas. Isto é demais. Estamos a chegar ao fim do campeonato e as coisas são demasiado evidentes", prosseguiu, antes de vincar que o Sporting foi beneficiado na vitória, em Ponta Delgada, no sábado.
"É evidente que sim. Só quem não vê. O Benfica que leve os vídeos ao senhor presidente do Conselho de Arbitragem. É uma lástima, uma vergonha. Antigamente, havia o Apito Dourado e os quinhentinhos. Agora, mudou para o sul e para os verdes. Eu não tenho nada contra o Sporting, é o grande rival do Benfica. Mas peço que se usem os mesmos critérios para os dois clubes que estão na luta pelo título. Desta forma, não vale a pena. Assim, não conseguimos lá chegar", atirou José Manuel Capristano.
Questionado sobre se o Sporting tem sido mais beneficiado pelas arbitragens desde que o presidente Frederico Varandas deu uma entrevista à Sporting TV, há algumas semanas, o antigo dirigente encarnado pediu uma posição de maior força a Rui Costa.
"O Sporting está a agir bem. A entrevista do senhor presidente do Sporting não é inocente, e está agora a recolher tributos disso. O meu presidente, de quem sou apoiante, é calmo e sereno, um homem do futebol que anda há muitos anos nisto, e está a deixar andar. Não sei o que ele tem feito. Publicamente, o que tem feito não é suficiente", realçou Capristano.
Numa altura em que estamos a apenas cinco jornadas do fim do campeonato, o antigo vice-presidente do Benfica pediu que as arbitragens mantenham o profissionalismo, sob pena de se gerarem grande polémicas, dentro e fora das quatro linhas.
"Naturalmente que o mundo da arbitragem não pode estar acima da terra, a fazer o que quer e lhe sobre tempo. Os árbitros ganham bem, hoje em dia. Se forem para a 'jarra' um mês, eles pensam duas vezes que lhes vão à carteira. Quem diz um mês, diz dois. Não podem é estar apenas sem ir para a 'jarra' ou ir apenas uma semana. Um árbitro que fez o que fez na Luz... e com a gravidade de o VAR o ter mandado ir ver o lance, porque achava que não era penálti. O árbitro vai ao monitor e traz a mesma decisão. Os juízes dos tribunais têm superiores para os analisar, e o árbitro não. Quem está acima deles é o Conselho de Arbitragem, e este está-se nas tintas, arbitrem bem ou mal", salientou.
"Eu não acredito na má fé, até porque andei no futebol muitos anos, nem na existência de desonestidade intelectual dos árbitros. Mas que há incompetência, não tenho a mais pequena dúvida. Há tendências para o vermelho, para o verde, para o azul, mas isto está à vista de toda a gente. Apelo aos órgãos que dirigem os árbitros que existam as mesmas regras para todos os jogos nesta reta final de campeonato. Se isso não acontecer, é uma farsa e podem dar o campeonato ao Sporting. Estamos a lutar e acontece-nos tudo. O Benfica também teve inércia, é verdade. Houve jogadores que costuraram milhões e depois atiram a bola para a mão do guarda-redes. Também não perdoo isso. Mas isso não obsta a que o Benfica tinha ganho de caras se não tem sido marcado aquele penálti. Foi um penálti injusto contra o Benfica", finalizou José Manuel Capristano.
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