Henrique Calisto, candidato à presidência da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF), criticou a decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em apostar em Roberto Martínez para o cargo de selecionador nacional.
Ainda que reconheça as competências do treinador espanhol, Calisto lembrou que há vários técnicos portugueses que podiam assumir essa função.
"Para mim não faz sentido um treinador estrangeiro à frente da seleção nacional. Posso ser polémico. Não que lhe estivesse vedado, mas todos nós sabemos que há um leque de treinadores portugueses que poderiam assumir essa função. E com vantagens em relação a um treinador estrangeiro. O treinador português é uma marca de afirmação de Portugal", começou por dizer Calisto, em entrevista no podcast Final Cut, apontando ainda o dedo às constantes mudanças de treinadores em Portugal.
"Se eu for despedido de uma empresa não posso trabalhar noutra? É anticonstitucional. Temos de convencer as pessoas que 90 por cento das chicotadas psicológicas não dão resultados positivos. Como em qualquer projeto na vida, para que de facto haja sucesso, tem de haver primeira parte, confiança bilateral entre o empregado e o empregador, que tem alguma responsabilidade de direção, e depois de ter tempo para que isso se efetue. Os treinadores não são mágicos", explicou.
O treinador falou ainda da falta de acesso à formação de treinadores.
"Queremos que haja mais oferta formativa. Temos um défice enorme na oferta III e IV níveis. Demora mais e é mais caro tirar um nível IV do que tirar um mestrado ou um doutoramento. Houve um estrangulamento muito grande, nomeadamente no que concerne ao acesso à formação do quarto e do terceiro nível", finalizou.
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