O FC Porto entrou num processo de transformação desde que André Villas-Boas sucedeu a Pinto da Costa na presidência e, num registo oscilante, tudo começou no dia 6 de junho de 2024, há precisamente um ano, quando Vítor Bruno foi o escolhido para render Sérgio Conceição no comando técnico dos azuis e brancos.
Colocado o ponto final numa estabilidade que há muito não se via no Dragão, face aos sete anos (e aos muitos títulos) com a mesma equipa técnica, eis que um adjunto rendeu o seu treinador principal, debaixo de contornos polémicos, mas não se pode dizer que a aventura tenha corrido propriamente bem. Tanto que não tardou em chegar ao fim.
Dessa forma, completados 365 dias desde essa mudança mediática, o FC Porto tem, neste momento, Martín Anselmi como treinador, na preparação do Mundial de Clubes, ele que também não escapou ao 'turbilhão' que 'assombrou' a cidade Invicta.
'Escudeiro' de Conceição resistiu meia época
Acusado de 'traição' a Sérgio Conceição, Vítor Bruno iniciou a sua primeira aventura como treinador principal, naquela que já era a sua 'segunda casa'. Imune a todo o ruído, o técnico de 42 anos teve de esperar dois meses até poder mostrar o que valia num jogo oficial... e com uma dose de sucesso dramática.
Naquele que foi o primeiro e único título no futebol durante o mandato de André Villas-Boas, Vítor Bruno transformou um 3-0 do Sporting num 3-4 a favor do FC Porto, com recurso a prolongamento, conquistando a Supertaça Cândido de Oliveira, contra a equipa de Ruben Amorim, que se sagrara campeã nacional meses antes. Entretanto, Evanilson rumou à Premier League e Francisco Conceição foi emprestado à Juventus, enquanto Samu Aghehowa chegava para imperar a sua marca goleadora.
A caminhada na I Liga até chegou a apresentar registos melhores do que os da última época do seu antecessor. Em 12 jornadas, os azuis e brancos levavam 10 vitórias e duas derrotas (nos redutos dos rivais Sporting e Benfica), mas a verdade é que, pelo meio, somaram-se vários deslizes na Liga Europa e, ainda, a (muito contestada) eliminação na Taça de Portugal, aos pés do Moreirense.
Aos poucos, o FC Porto reergueu-se, até ao fim de 2024, mas a viragem do ano ficou marcada pela eliminação na Taça da Liga, frente ao Sporting, seguindo-se duas derrotas fatais, contra Nacional e Gil Vicente. Com muitas críticas na chegada ao Estádio do Dragão, já não havia nada a fazer, embora o FC Porto até se encontrasse a apenas um ponto do Benfica e a quatro do Sporting. Fechava-se, assim, um curto ciclo, com 18 vitórias em 29 jogos.
'Sangue argentino' dramatizou a situação
José Ferreirinha Tavares assumiu a transição até à chegada de Martín Anselmi, com um empate e uma derrota, até que apareceu o 'sangue argentino' proveniente do Cruz Azul, numa transferência também ela polémica. Por essa altura, Nico González e Wenderson Galeno permitiram soberbos encaixes financeiros nos cofres dos azuis e brancos, mas também conduziram à inevitável queda de qualidade da equipa.
Desafiados a jogar num sistema tático distinto, com uma linha de três defesas, os dragões ficaram ainda mais longe da pauta da regularidade no que toca a resultados, uma vez que, apesar do triunfo na estreia frente ao Maccabi Tel Aviv, seguiram-se três empates e só depois a primeira vitória na I Liga, em homenagem a Pinto da Costa, que morreu no passado dia 15 de fevereiro.
A eliminação da Liga Europa, aos pés da AS Roma, deixaram o FC Porto a lutar apenas e só pelo campeonato, numa altura em que Sporting e Benfica estavam a distanciar-se cada vez mais no topo. Se a tarefa era difícil, pior ficou com os deslizes diante de Vitória SC e Sporting de Braga, aos quais se seguiu a pesada goleada sofrida no Clássico, em pleno Dragão, diante do Benfica (1-4).
A partir daí, a luta dos dragões cingiu-se ao terceiro lugar da I Liga, em disputa com os bracarenses, algo que só foi alcançado por via da marca inédita alcançada no fecho da época: as três vitórias seguidas carimbaram a última vaga do pódio.
Numa época para esquecer (ou para aprender), há ainda o Mundial de Clubes à vista, que se disputará nos Estados Unidos da América, entre 14 de junho e 13 de julho. Esta até pode ser a prova ideal para o FC Porto começar a recuperar o 'pedigree' internacional, de olhos postos numa nova temporada que terá de ser radicalmente diferente para afastar as críticas que André Villas-Boas tem acumulado, sobretudo nestes últimos 365 dias que passaram desde o 'adeus' a Sérgio Conceição.
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