A paralisação, que decorreu entre as 07:30 e as 09:30, "teve uma adesão de 100% dos trabalhadores do quadro", disse à agência Lusa a dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios (SNTC) Dina Serrenho, explicando que participaram "os 11 trabalhadores efetivos" e que entraram ao serviço "apenas os quatro contratados".
A greve foi convocada pelo sindicato, afeto à Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (SNTC/Fectrans) "em protesto pela falta de trabalhadores" na estação dos correios, onde a sindicalista disse haver "nesta altura do ano mais de 20.000 objetos por entregar", o que estará "a causar grande transtorno aos trabalhadores e à população".
"Sabemos que [as correspondências] vão fazer falta em casa das pessoas - muitas delas vêm de hospitais, vêm da água, vêm da luz - e que muitas vezes também já são pagas com coimas", afirmou Dina Serrenho, acrescentando que a situação se agrava "pelo facto de se estar numa altura natalícia, em que as encomendas são o triplo ou o quádruplo" do resto do ano.
A dificuldade na entrega prende-se com o facto de as voltas (os giros dos carteiros) serem alargadas enquanto "os trabalhadores vão saindo e não vão sendo substituídos", um problema "crónico, a nível nacional". As estações dos correios têm "muito pouca gente para o número de objetos a entregar", explicou.
Os trabalhadores reuniram-se com a Câmara de Rio Maior (distrito de Santarém) na semana passada e o município disponibilizou-se, segundo Dina Serrenho, "para se reunir com outras autarquias e fazerem uma carta à administração [dos CTT] a exigir melhor qualidade do serviço".
Os CTT, sublinhou a dirigente sindical, "não têm necessidade desta precariedade que se está a viver neste momento e do stress que está a causar, aos trabalhadores e às populações, principalmente as populações mais idosas, que vivem da carta para pagar a água e a luz, não têm meios tecnológicos e não estão habilitados a esses mesmos meios para resolver os seus problemas".
Exigindo o aumento do número de efetivos e o cumprimento do serviço público, os trabalhadores manifestaram-se hoje em Rio Maior e vão manter, até dia 06 de dezembro, a greve às duas primeiras horas de serviço.
Contactada pela Lusa, a empresa desmentiu os números avançados pelo sindicato, esclarecendo que "11 trabalhadores de um total de 21 aderiram à greve de hoje [...] no período referente às duas primeiras horas do período de trabalho, o que corresponde a uma taxa de adesão de 52,38%".
Os CTT sustentam ainda que o Centro de Distribuição Postal de Rio Maior "tem uma dotação de colaboradores acima das suas necessidades identificadas".
Quanto ao número de objetos por entregar, "não é diferente do habitual nesta altura do ano", afirmou a empresa, acrescentando que "os números avançados pelo sindicato não correspondem à verdade, o que infelizmente não é novidade nestes contextos de greve, que revelam aproveitamento político numa fase especialmente exigente da operação".
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