Sem avançar o valor da verba alocado a este plano, o governante adiantou que deverá custar "milhares de milhões de euros" e responder às reivindicações dos agricultores e produtores que pedem uma estratégia para gestão das reservas de água.
"Nós já temos a solução até 2040 em termos de investimento e que em breve será apresentada. Teremos uma arquitetura financeira de milhares de milhões de euros, o objetivo é que não afete as contas públicas. Ainda que a água, e os investimentos na água, nomeadamente para a agricultura, tenham um retorno brutal. O Alqueva tem de receita fiscal anual 339 milhões de euros", apontou José Manuel Fernandes, em declarações à Lusa.
O ministro da Agricultura e Pescas visitou os 24 empresários e produtores portugueses do setor das frutas e legumes que estão presentes, até sexta-feira, na Fruit Logística, em Berlim.
À Lusa, o presidente da Portugal Fresh, a Associação para Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, Gonçalo Santos Andrade, tinha mostrado otimismo em relação ao setor, definindo, ainda assim, a necessidade de "algumas medidas concretas" como o "aumento das reservas de água".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, já tinha revelado que esta estratégia seria anunciada até ao final de 2024. José Manuel Fernandes não se compromete com uma data, mas revela que a apresentação será feita em breve.
"Alargarmos o perímetro de rega que existe, mas investirmos também na eficiência, na agricultura de precisão, na modernização do nosso regadio, no combate às perdas, na poupança, tudo isso está na Água que Une, que tem uma componente de consumo humano, para a agricultura, mas também para o turismo e para a indústria", avançou.
"É uma estratégia nacional onde se pretende armazenar e distribuir água de forma eficiente, se necessário através de uma rede interligada. Onde há um objetivo que é o da previsibilidade e estabilidade para a agricultura, mas também o alargamento da área que se pode regar, e o abastecimento do consumo humano", explicou o ministro da Agricultura e Pescas.
José Manuel Fernandes congratulou-se com o aumento das exportações deste setor que tem a Alemanha como o quarto principal destino.
"Em 2024, ainda não tenho números finais, estarão à volta dos 2,5 mil milhões de euros. Mesmo assim, temos um défice na área das frutas e legumes de cerca de 300 milhões de euros. Face a toda a estratégia que estamos a ter, e a todos os investimentos que estamos a fazer, o nosso objetivo é que em 2030 haja um 'superavit' nas frutas e legumes e não um défice", sustentou.
O governante está confiante de que a instabilidade económica que a Alemanha atravessa possa ser compensada com uma União Europeia que enfrente junta os desafios.
"A Alemanha, infelizmente neste momento, é um dos motores da União Europeia que se não funcionar nos prejudica a todos. É um motor que está gripado", lamentou.
"Temos desafios comuns que temos de estar unidos para vencê-los. É importante que as democracias se unam, que haja partilha e coordenação. Os desafios que temos, devemos ultrapassá-los juntos", partilhou.
Os últimos dados disponíveis indicam que, entre janeiro e novembro de 2024, as exportações de frutas, legumes e flores somam 2,36 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 11% face ao mesmo período do ano anterior. A quantidade de produtos exportados seguiu a mesma tendência e cresceu 7,4% para 1.767.164 toneladas no mesmo período.
A Alemanha é o 4.º principal destino das exportações nacionais de frutas, legumes e flores. Entre janeiro e novembro de 2024 as vendas para este mercado subiram 12,5% em valor, para 184 milhões de euros.
A Portugal Fresh marca presença na Fruit Logistica, uma das feiras mais importantes do setor, com 24 empresas, organizações de produtores e parceiros.
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